O aumento acelerado do consumo de embalagens PET para reciclagem e as dificuldades na coleta seletiva em diversas cidades do Brasil têm provocado falta do produto e o consequente aumento de preços.
O gerente de Engenharia da Condor, Ricardo Schwarz, afirma que há dois meses chegou a faltar PET para a produção. Para aumentar o volume de sucata recolhido, a empresa lançou uma campanha interna para os funcionários trazerem as garrafas utilizadas pela família e pelos vizinhos.
O diretor administrativo da Arteplas,Marcos Vinícius Schatz, afirma que nos meses de inverno a sucata torna-se escassa, em função do menor consumo de refrigerantes pela população em geral. "Como a empresa foi pioneira na reciclagem de PET no mercado latino-americano, possui parcerias de mais de 10 anos com alguns depósitos que garantem o fornecimento a tempo", diz.
A Ecofabril, que fabrica fibras com a reciclagem de PET utilizadas na produção de revestimento de tetos de automóveis, forração de porta-malas e enchimento de bichos de pelúcia, entre outras aplicações, informou ter capacidade para processar 2 mil toneladas por mês. Mas só faz 1,5 mil devido à falta do produto. Ainda assim, a empresa está investindo R$ 5 milhões e vai elevar a capacidade para 2,5 mil toneladas por mês em 2009 e estrutura um programa para aumentar a rede de parceiros e garantir abastecimento do produto para ser reciclado, conforme informou o diretor, Tiago Latorre Noronha.
Ociosidade
"A indústria da reciclagem trabalha com uma ociosidade superior a 30%. Ou seja, poderia reciclar um terço a mais do que processa atualmente", diz Cotesini. O faturamento da indústria da reciclagem de PET é superior a R$ 1 bilhão no Brasil.
O aumento da demanda também refletiu nos preços do produto que, só neste ano, sofreram alta de 10% ficando em torno de R$ 1,1 mil a tonelada para a indústria recicladora. Schatz, da Arteplas, acredita que o preço atingiu seu limite e as empresas não estão aceitando reajustes, porque são difíceis de repassar para os clientes.
As garrafas são responsáveis pelo maior volume de aplicação da resina PET, cerca de 63,3% no Brasil, de acordo com a Abipet . A Abipet reúne a única fabricante brasileira da resina, a M&G (Gruppo Mossi&Ghisolfi), transformadores e recicladores. De acordo com a entidade, o consumo da resina no País multiplicou-se por quatro em 13 anos, entre 1994 e 2007.
Ainda assim, na comparação per capita o Brasil está bem atrás de outros mercados. Isso porque aqui o consumo é de 1,6 quilos por habitante/ano enquanto que, no Uruguai, chega a 9,4 quilos e nos Estados Unidos a 7,7 quilos, conforme dados da Abipet.
No ano passado o Brasil importou 187 mil toneladas entre resinas e pré-formas e exportou 60,1 mil toneladas. A produção de resina e seus produtos resultou em receita anual de R$ 2,18 bilhões, ante os R$ 2,07 bilhões de 2006. Já a produção de reciclados movimentou R$ 1,079 bilhão ante R$ 980 milhões registrados anteriormente.
A demanda aquecida levou a M&G, que tem capacidade para produzir 450 mil toneladas de resina, a decidir por novos investimentos para somar outras 200 mil toneladas à este total. A taxa de crescimento anual está próxima de 10%, afirmou o diretor da M&G, Auri Cesar Marçon
O consumo mundial de PET já atinge a marca de cerca de 11 milhões de toneladas. Os Estados Unidos e a Europa consomem cerca de 2 milhões de toneladas por ano cada um, informou Marçon.
Veículo: Gazeta Mercantil