O Grupo Carrefour deve começar ainda este ano a exportar seu modelo ‘atacarejo’ (uma combinação de atacado com varejo), que opera através da rede Atacadão, adquirida no ano passado. "Temos participado de algumas rodadas de negócio e desenvolvido trabalhos na Índia, Rússia e China", afirma Roberto Mussnich, diretor do Atacadão. "Ainda neste ano, o Carrefour deve dar o ponto de partida com o modelo em alguns países", diz. "De uma empresa nacional e de origem familiar, o Atacadão estará abrindo suas portas para o mundo."
A compra, segundo Mussnich, deu ânimo à equipe do Atacadão e praticamente dois anos depois da negociação a empresa se orgulha de não ter perdido nenhum de seus 15 mil funcionários. "O mercado caiu como águia em cima do nosso pessoal. Isso é comum em momentos sensíveis de transição, mas todos ficaram", afirma.
Mussnich, que já foi consultor do Carrefour, esteve presente em todo o disputado processo de aquisição do Atacadão . Segundo o executivo, o desafio agora é manter as diferenças, já que as duas empresas têm administrações independentes, mas aproveitando as sinergias. "Manter a estrutura de custo baixo e poucas camadas hierárquicas", diz.
Se para o Atacadão ser incorporado significou ampliação de perspectivas, para o Carrefour a aquisição, além da entrada em um novo modelo de negócio e o acesso à classe C, significou a possibilidade de voltar ao primeiro lugar no ranking de maiores empresas feito pela Associação Brasileira de Supermercados.
Ao eleger o Brasil como prioridade de investimentos, o Carrefour deu também à bandeira Atacadão posição de destaque na expansão do grupo. Até o final do ano o Atacadão deve ter participação de 34% no faturamento do Grupo Carrefour. Das inaugurações planejadas para 2009, metade devem ser da bandeira de ‘atacarejo’.
A rede possui hoje 42 lojas em 11 estados. Este ano, das 12 inaugurações planejadas, seis já foram feitas, uma está marcada para amanhã, em Sapucaia - a primeira loja no Sul do País - e outra, na quinta-feira da próxima semana, em Aracaju, Sergipe. Para o próximo ano, outras 13 aberturas estão planejadas, com a entrada também no mercado do Norte do País.
Em janeiro de 2009 vai inaugurar também um novo centro de distribuição (CD). Localizado na rodovia Castelo Branco, em São Paulo, o espaço terá 93 mil m, mais do que o dobro do CD da Vila Maria, na capital paulista, com 40 mil m.
Sem comparação de preços
A Pro Teste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) que realiza pesquisa anual de preços de supermercados apurou este ano que o Rio de Janeiro desbancou Salvador, que possuía a cesta mais barata de produtos de marca. A entidade atribui o resultado à inclusão da rede Atacadão na pesquisa e apresentou bons resultados também em cidades com São Paulo e Olinda. "Não fazemos pesquisa de preço no concorrente", afirma. "De 1994 para cá sentimos que as classes C, D e E necessitavam de um modelo para suprir suas necessidades de abastecimento", diz Mussnich.
A rede não aceita cartão de crédito (somente de débito e pagamento em dinheiro e cheque). Mas para atender às necessidades do consumidor pessoa física - que responde por cerca de 40% das suas vendas - disponibiliza sacolas plásticas pelo preço de R$ 0,17 (com renda integralmente revertida para a ONG Doutores da Alegria. "Nosso consumidor entende que essas são questões diretamente relacionados ao nosso modelo de negócio. É tudo custo", diz sem descartar a possibilidade de que no futuro possa aceitar pagamentos com cartão de crédito.
Concorrente expande
O concorrente Makro também está acelerando o processo de expansão. No ano passado inaugurou quatro lojas. Este ano, está investindo R$ 200 milhões em oito inaugurações - das quais três já foram realizadas.
O cartão private label com a bandeira Mastercard lançado em março deste ano está com 280 mil plásticos emitidos e será bandeirado pela Visa também. Além disso, o Makro vai lançar um cartão voltado para pessoas jurídicas.
Veículo: Gazeta Mercantil