Os preços futuros do açúcar continuam firmes no mercado internacional, impulsionados pela falta de chuvas na Índia, segundo maior produtor global, e muita chuva no Brasil, o maior produtor e exportador mundial. Ontem, as cotações da commodity atingiram a maior alta dos últimos 28 anos na bolsa de Nova York, para os contratos de outubro, negociados a 19,83 centavos de dólar por libra-peso. Os de janeiro subiram 43 pontos, para 20,60 centavos de dólar por libra-peso. O último pico de preço, de 19,73 centavos, foi alcançado em fevereiro de 2006.
"Com o clima adverso na Índia, o país já cogita importar entre 5 milhões e 8 milhões de toneladas", afirmou ao Valor Márcio Bernado, operador da Newedge, corretora de commodities com sede em Nova York. "A falta de chuvas nas lavouras da Índia e o atraso da colheita de cana aqui no Centro-Sul do Brasil devem sustentar as cotações do açúcar no mercado internacional."
Na bolsa de Londres, os contratos de açúcar branco para dezembro encerraram a US$ 530,10 a tonelada, aumento de US$ 9,30.
A expectativa de queda na produção da Índia, que também é o maior consumidor mundial, tem gerado especulações de que o déficit global para 2009/10 também poderá ser ampliado.
O México e o Egito, que estão entre os maiores consumidores mundiais de açúcar, anunciaram que entraram no mercado para comprar o produto em grandes quantidades para garantir a oferta. A notícia também ajudou a sustentar as cotações. O governo mexicano autorizou a importação de 400 mil toneladas de açúcar por meio de cotas.
A demanda por açúcar também é forte por parte das indústrias. "Os grandes consumidores, como as indústrias de bebidas e alimentos, provavelmente não se abasteceram o suficiente nos últimos seis meses", afirmou Nick Hungate, trader do Rabobank, em Londres.
Com as recentes altas dos últimos dias, analistas do segmento acreditam que os preços da commodity poderão recuar no mercado, como "correção técnica". O avanço da colheita da cana no Centro-Sul, caso as chuvas parem, também pode pressionar as cotações. (Com Financial Times)
Veículo: Valor Econômico