A indústria de embalagens deve fechar 2009 com receita próxima a R$ 33,2 bilhões, valor 8% abaixo do registrado em 2008 e representatividade de 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB). Os dados fazem parte do Estudo Macroeconômico da Embalagem, realizado pela Fundação Getútio Vargas (FGV) em parceria com a Associação Brasileira de Embalagem (Abre), divulgado ontem, em São Paulo.
Apesar do menor desempenho estimado, o setor vem contornando os reflexos da crise financeira mundial, com significativo avanço de 8,7% na produção entre dezembro de 2008 e junho deste ano. Para o coordenador de análises econômicas do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, Salomão Quadros, os números indicam recuperação lenta, mas gradativa. "O governo contribuiu com a redução da taxa básica de juros. A expectativa é de que em seis meses o mercado se recupere da crise."
No entanto, a previsão é de que haja um recuo de 6% na produção física total de embalagens em 2009. Até agora, se comparado o primeiro semestre de 2009 com igual período do ano passado, a produção sofreu queda de 9,67%, por causa da forte desaceleração econômica iniciada no último mês de setembro.
Apesar de negativo, o melhor desempenho no primeiro semestre ficou com a indústria de embalagem de papel, papelão e cartão (queda de 5,82% em relação a igual período do ano anterior), seguida pela indústria de embalagens de plástico (- 7,33%). Já as embalagens feitas com madeira tiveram o pior desempenho, com produção 27% menor, seguida pelas feitas em vidro, que perderam 18,28% na produção.
A crise financeira também prejudicou as exportações de embalagens de forma significativa, com faturamento de US$ 159,6 milhões no primeiro semestre do ano, um decréscimo de 43% em relação a igual período de 2008. Segundo o analista da FGV, os compradores internacionais estão cautelosos com a incerteza econômica mundial. "Eles paralisaram as compras de todos os tipos de embalagens."
Já as importações apresentaram queda menor, de 3,56% e faturamento de US$ 203,8 milhões, com forte desempenho dos setores de plástico (62,8% do total importado) e metálico (17,31%). "Essa queda menor indica que o Brasil sentiu menos os impactos da crise e não deixou de importar, enquanto o mundo todo está comprando índices muito baixos", afirmou o especialista.
Os setores usuários de embalagem que apresentaram melhor desempenho em volume de produção no primeiro semestre foram a indústria farmacêutica (10,33%), bebidas (5,24%) e perfumaria e cosméticos (1,32%). Entre os piores índices estão os calçados e artigos de couro (-17,04%), vestuário e acessórios (-12,26%) e alimentos (-2,4%).
Os empregos formais também foram impactados no período. Enquanto em junho de 2008 as vagas aumentaram 4,24% em relação a igual período do ano anterior, em junho de 2009, elas caíram 2,92%. De acordo com dados do Ministério do Trabalho, houve redução de 5.864 postos de trabalho no setor, entre abril de 2008 e abril de 2009.
As classes de embalagens que mais empregam foram os setores de plástico (52,25%), papelão ondulado (14,83%) e papel (9,93%).
Veículo: Diário do Comércio - SP