A forte queda nas exportações brasileiras de leite em pó este ano fez a mineira Itambé alterar seu plano de investimentos para 2009 e adiar a instalação de uma câmara de secagem de leite em sua unidade de Uberlândia.
Originalmente, a central de cooperativas tinha, desde o ano passado, um crédito de R$ 140 milhões aprovado pelo BNDES, mas com o recuo nas vendas externas de leite em pó este ano e a crise financeira global a partir de setembro de 2008, solicitou a redução do valor a ser financiado para R$ 100 milhões.
O montante foi reduzido justamente porque a Itambé decidiu adiar a torre de secagem.
Dos R$ 100 milhões financiados, R$ 40 milhões foram destinados, em 2008, para elevar a capacidade de processamento da unidade de Uberlândia de 1,2 milhão de litros por dia para 1,440 milhão atualmente. Agora, R$ 30 milhões estão sendo usados na ampliação de capacidade da planta de iogurtes de Pará de Minas, segundo Jacques Gontijo, presidente da Itambé. O restante dos recursos vai para capital de giro da empresa, acrescentou.
De acordo com Gontijo, o projeto da nova câmara de secagem foi adiado, "mas se o mercado melhorar, pode ser retomado".
A Itambé é um dos maiores exportadores de leite em pó do Brasil e só no ano passado teve uma receita de US$ 230 milhões com os embarques do produto. O montante expressivo foi obtido principalmente com as vendas para a Venezuela, que neste ano, por conta da queda dos preços do petróleo, se retraiu.
Com o recuo da demanda e dos preços, a Itambé vem diminuindo as estimativas para suas vendas externas este ano. Em julho, Gontijo falava em exportações entre US$ 80 milhões e US$ 100 milhões; na última sexta-feira, já estimava bem menos: cerca de US$ 50 milhões. Um sinal de que o cenário está mesmo difícil para quem vende ao mercado externo: em agosto, a Itambé não exportou nada, segundo Gontijo.
Além da queda dos preços internacionais do leite em pó de um patamar de US$ 5 mil por tonelada para US$ 2,3 mil, a valorização do real ante do dólar também tira a competitividade das exportações brasileiras, segundo o presidente da Itambé. Ele admitiu que a diminuição das vendas para a Venezuela contribuiu para derrubar as vendas externas da empresa. Ponderou, contudo, que no atual quadro "exportar não vale a pena".
Com quatro unidades em Minas Gerais e duas em Goiás, a Itambé tem capacidade de processamento de 5 milhões de litros de leite por dia.
Veículo: Valor Econômico