O executivo-chefe do Carrefour, Lars Olofsson, garantiu que apenas vai vender propriedades caso venha a fazer alguma grande aquisição estratégica, apesar das ambições de acionistas ativistas, que costumam pressionar para que a rede varejista aproveite o valor de sua carteira imobiliária.
"Se eu precisasse [da venda das propriedades] para financiar uma aquisição muito interessante, que aprimorasse nossos negócios, poderia cogitar isso, caso contrário, está fora agenda", afirmou Olofsson na sexta-feira, quando reiterou as metas de custo e lucro anuais que haviam sido feitas em junho.
A rentável carteira de imóveis do Carrefour - avaliada entre € 20 bilhões e € 25 bilhões - foi um dos principais atrativos quando o grupo de investimento em participações Colony Capital, dos Estados Unidos, e Bernard Arnault, presidente do conselho da LVMH, entraram na empresa em 2007. Os dois possuem participação de 14% no Carrefour, por meio da Blue Capital, um veículo conjunto de investimentos, e são os maiores acionistas da varejista.
A crise do setor imobiliário mundial, no entanto, levou ao congelamento do plano de promover a venda pública parcial das propriedades. Em janeiro, Olofsson deixou claro que o plano não era prioridade, quando assumiu o comando do Carrefour, que vinha apresentando fraco desempenho.
Em vez disso, os esforços do executivo concentraram-se no plano trienal de "transformação", anunciado em junho, e em formas de reinventar o hipermercado - historicamente a coluna central na estratégia de crescimento na Europa, que nos últimos anos sofreu com a ascensão dos supermercados locais e das redes de desconto.
Os hipermercados na França representam 23% das vendas do grupo. Embora 1 milhão de franceses comprem diariamente alimentos em hipermercados Carrefour, o crescimento das vendas de produtos não-alimentícios vem mostrando-se fraco.
"O que está ultrapassado não é o hipermercado, mas sim ter de tudo sob um mesmo teto", insistiu o executivo-chefe. "A coisa mais fácil que poderia fazer para satisfazer o mercado seria anunciar que vou alugar a área não-alimentícia para marcas varejistas. Poderia fazer isso amanhã. Mas estou aqui para encontrar soluções de longo prazo e não medidas que não resistirão à prova do tempo." Oloffsson disse que o grupo trabalha com quatro ou cinco conceitos "inovadores".
O Carrefour informou que deve fazer uma economia de € 500 milhões este ano, como parte do plano de redução de € 3,1 bilhões em custos até 2012. A varejista pretende investir € 600 milhões em promoções - € 353 milhões já foram gastos no primeiro semestre.
Na primeira metade do ano, as vendas do grupo caíram 1,3%, para € 42 bilhões, embora o executivo mostre-se confiante de que a recuperação chegará. Houve prejuízo líquido de € 58 milhões, em comparação ao lucro de € 747 milhões de igual período de 2008. O lucro operacional caiu 28%, para € 1 bilhão, dentro do previsto em junho.
Analistas temem que o Carrefour possa acabar reinvestindo a maioria das economias em promoções, em vez de usá-las para elevar os lucros. Oloffsson, contudo, disse que almeja reinvestir mais de 30%, cerca de € 1 bilhão - e "manter o resto das economias ´em casa´".
Veículo: Valor Econômico