Estratégia: Sucessor do DVD, equipamento ganha produção local da Sony, Samsung, LG, Philips e Panasonic
Considerado o sucessor do DVD, o Blu-ray - formato de mídia em alta definição - ainda está longe de ser popular. Mas se depender dos planos traçados por alguns dos principais fabricantes de produtos eletrônicos do país, pode ser que desta vez a novidade entre definitivamente no cardápio de opções de entretenimento do consumidor brasileiro.
Pelo menos cinco grandes companhias têm planos para produzir no Brasil os equipamentos que reproduzem os discos em Blu-ray. A Samsung foi uma das primeiras a trazer para sua fábrica, em Manaus, a produção desses aparelhos. Na semana passada, foi a vez da Sony anunciar seu modelo fabricado no país. Conforme apurou o Valor, grandes concorrentes como LG Electronics, Philips e Panasonic também ajustam os últimos detalhes de suas operações na Zona Franca de Manaus para ligar as linhas de produção de tocadores de Blu-ray. As companhias apertam o passo para fazer com que os equipamentos cheguem às prateleiras antes do Natal.
As metas são ambiciosas. Somados, as projeções das cinco companhias são de fabricar 390 mil equipamentos nos primeiros 12 meses de atividade, com faturamento total estimado de R$ 315 milhões. No segundo ano de atividade, a produção das cinco empresas poderá chegar a mais de 610 mil equipamentos, com faturamento de R$ 500,8 milhões. No terceiro ano, a produção atingiria o volume de 976,4 mil equipamentos e a receita ultrapassaria os R$ 780 milhões.
Para levar os planos adiante, as companhias pretendem investir mais de R$ 156 milhões no primeiro ano de operação. Esse o é valor conjunto dos investimentos. Nos dois anos seguinte, o montante sobe para R$ 218 milhões e R$ 320 milhões.
Um dos pontos que está estimulando as empresas é a queda contínua do preço dos equipamentos, considerado um dos maiores inibidores do consumo dessas máquinas. A Samsung, que em janeiro do ano passado vendia um equipamento a R$ 3.699, oferecia, no mês passado, um modelo mais avançado a R$ 1.299. "Hoje, esse produto custa R$ 999 e a tendência é de que caia mais", diz Henrique de Freitas, gerente de vendas e marketing de produtos da Samsung.
A expectativa é compartilhada pelas demais fabricantes. "Com a fabricação no país, vamos ter um preço ainda mais competitivo", diz Raquel Martins, gerente de produto de áudio e vídeo da LG Electronics. Dona das metas de vendas mais agressivas, a LG deve iniciar sua produção de Blu-ray nas próximas semanas. O plano é fabricar 226,5 mil unidades, em diferentes versões.
Ao lado da queda do preço, outro fator que tem animado os fabricantes é o aumento do número de filmes disponíveis no formato Blu-ray. É uma questão do tipo "o ovo e a galinha". Sem os equipamentos não dá para ver os filmes, mas sem os filmes não adianta comprar o equipamento. O temor inicial era de que, sem uma oferta consistente de títulos, os consumidores não vissem vantagem em aderir ao sistema. Ou que os primeiros consumidores ficassem decepcionados, o que funcionaria como propaganda negativa.
Agora, porém, as coisas estão mudando. Em junho, a Blockbuster anunciou ter um acervo de 1,5 mil títulos em Blu-ray. Segundo a empresa, trata-se da maior coletânea da América Latina.
O crescimento das vendas de TVs mais modernas é outro estímulo. Estimativas do setor indicam a venda de 2,2 milhões de aparelhos com tela de cristal líquido (LCD) em 2008. Neste ano, a projeção é chegar a 3,5 milhões de unidades. "Antes, o usuário não comprava um tocador de Blu-ray simplesmente porque não tinha onde ver seus filmes em alta resolução", diz Luiz Pirolo, gerente de marketing de áudio, vídeo e multimídia da Philips. "Hoje esse mercado já existe."
Não há dados precisos sobre o mercado brasileiro de Blu-ray, mas o potencial é mais do que suficiente, diz Fernando Schneider, gerente de marketing da linha Bravia Theater, da Sony. "Não dava para adiar mais um ano a entrada nesse mercado. Agora é a hora."
O Blu-ray está ganhando escala no mundo. Nos Estados Unidos, representou 30% dos tocadores de mídia vendidos em junho. As projeções do setor são de que as receitas com Blu-ray nos EUA vão ultrapassar US$ 1,2 bilhão neste ano, com a venda de 6 milhões de equipamentos, 112% a mais que em 2008.
No Brasil, o volume ainda é incipiente. Entre as companhias do setor, o que se especula é que neste ano o consumidor comprará cerca de 100 mil unidades desses equipamentos. A maior parcela da população, no entanto, ainda vai preferir gastar menos de R$ 200 por um tradicional tocador de DVD.
Veículo: Valor Econômico