Se a venda de açúcar está em baixa, é de se esperar que a de adoçantes esteja em alta. Mas não é isso o que está acontecendo. O consumo per capita de adoçantes pelo brasileiro, segundo pesquisa da Nielsen, vem caindo há pelo menos dois anos. E não é por falta de dieta.
O consumidor, na verdade, tem trocado bebidas preparadas em casa, que precisam ser adoçadas, pelas vendidas já prontas, como sucos e refrigerantes.
Em 2006, segundo a Nielsen, cada brasileiro consumia por ano 135,3 ml de adoçantes. Em 2007, esse total caiu para 132,6 ml e baixou para 130,3 no ano passado.
"A indústria vende açúcar direto ao consumidor, mas indiretamente ele também consome mais [açúcar] tomando refrigerante, e comendo produtos industrializados" diz uma fonte ligada a uma grande indústria que atua neste mercado.
Carlos Eduardo Gouvêa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres, Diet e Light (Abiad) confirma. O maior crescimento do mercado de adoçantes, segundo ele, não está no varejo, mas no fornecimento de matéria-prima para a indústria de alimentos e bebidas com teor calórico reduzido.
"Temos visto um crescimento acentuado, principalmente em função do surgimento de novos produtos ou extensões de categorias, como é o caso de refrigerantes e águas gaseificadas", diz Gouvêa.
Mesmo assim, em faturamento, o mercado de adoçantes deve fechar o ano com crescimento, mesmo que o volume total comercializado fique estável ou tenha pequena queda. Isso porque o preço do produto vem aumentando. Só em junho, por exemplo, o adoçante teve alta de 4% em relação ao mês anterior, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Segundo a Nielsen, de janeiro a junho deste ano, as vendas já somam R$ 127,58 milhões, com alta de 10,9% em relação ao mesmo valor apurado no primeiro semestre do ano passado. Os volumes, entretanto, continuam praticamente estáveis.
Além disso, o mercado de adoçantes, embora não seja tão concentrado em número de fabricantes - as três maiores marcas têm 30,51% do volume vendido e 48,19% do faturamento - é bem pouco pulverizado em relação ao consumo. Só a Grande São Paulo responde por 16% das vendas totais da categoria.(LC)
Veículo: Valor Econômico