Calçados: Varejistas preveem queda nas vendas com sobretaxa

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As varejistas de calçados esportivos preveem queda nas vendas e já fazem os cálculos de quanto será o impacto no preço do tênis com a nova alíquota de US$ 12,47 sobre os calçados importados da China.

 

Na Centauro, maior varejista com mais de 120 lojas, a expectativa é que o aumento no valor final do produto provoque uma redução de 20% a 25% na receita nos primeiros meses com os novos preços. "Inicialmente, os clientes devem desistir da compra por causa do aumento. Com o passar do tempo, vamos ver se eles migram para modelos mais caros ou mais baratos", explicou Sebastião Bomfim Filho, fundador e presidente do grupo SBF, dono da rede Centauro.

 

Cálculos feitos pela varejista mostram que até então, um tênis chinês de US$ 12 - vendido nas lojas brasileiras em média por R$ 89 - tinha como preço de custo R$ 43,7. Com a sobretaxa, esse valor sobe para R$ 73. Nos tênis chineses de US$ 50, o importador desembolsava cerca de R$ 173. Agora, esse valor aumenta para R$ 211.

 

Nessas contas, estão incluídas despesas como frete e seguro (5%), alíquota de importação (35%), PIS/Cofins (9%), ICMS (18%) e despesas da importadora como, por exemplo, frete doméstico e gastos operacionais (5%). A nova sobretaxa incide no meio do processo, ou seja, antes da cobrança do ICMS e das despesas internas. Com isso, essas duas últimas taxas acabam incidindo sobre um valor maior.

 

A nova sobretaxa deve provocar maior impacto entre os tênis importados mais em conta, uma vez que os US$ 12,47 incidem da mesma forma sobre qualquer calçado, independentemente do preço.

 

Na Centauro, os tênis importados vendidos entre R$ 89 e R$ 129 representam 30% do faturamento total. "Há modelos nacionais com esse preço, mas a tecnologia é inferior se comparada a dos importados", disse Bomfim.

 

Na varejista A Esportiva, com 12 pontos de venda em São Paulo, os modelos importados de até R$ 299 respondem por 50% das vendas, segundo Silvio Duarte, diretor comercial e um dos sócios da rede.

 

A Paquetá, varejista com 122 lojas de calçados em geral e mais 18 pontos especializados em tênis, também espera impactos negativos. "Nas nossas lojas que vendem vários modelos de sapatos e tênis, os importados de até R$ 350 representam quase que a totalidade das vendas", disse Rodrigo Bacher, diretor comercial da Paquetá.

 

Com 10 unidades em São Paulo, a Procopio já está inclusive revendo sua expansão por conta da nova medida. "Havíamos projetado um crescimento com base nas vendas, mas se elas caírem vamos rever nossa expansão", disse Jean Tchorbadjian, diretor da Procopio Sports. O diretor da A Esportiva também disse que se houver redução na receita deverá contratar menos funcionários temporários no fim do ano.

 

O aumento de preços deve ser sentido no varejo nos últimos meses do ano, pois a maioria das importadoras trabalha com estoque de três meses. Segundo o diretor da Procopio, com a queda nas vendas de importados, as fabricantes nacionais podem vir a aumentar seus preços.
 


Veículo: Valor Econômico


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