Monção branda arrasa safra de arroz na Índia

Leia em 3min

Importadores de arroz por todo o mundo, desde nas Filipinas e Irã até na África do Sul, estão atentos ao comportamento do mercado, temendo que a fraca intensidade da monção nesta temporada na Índia, segundo maior produtor mundial, possa pressionar os preços para cima.
"A monção atrasou e o arroz é a colheita mais gravemente afetada", afirmou Robert Zeigler, diretor do Instituto de Pesquisa Internacional do Arroz, em Los Baños, nas Filipinas. "Haverá uma escassez significativa na Índia".

 

Nova Déli estima que 30,2 milhões de hectares foram cultivados com o grão, 17,5% a menos do que no ano passado. Com os principais Estados produtores, como Uttar Pradesh, dentre os mais atingidos, a safra nesta monção poderia encolher até 20% a 25%, segundo analistas.

 

O declínio na produção da Índia fará com que a demanda mundial supere a produção pela primeira vez desde 2006, de acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA. O órgão estima a oferta mundial em 433,5 milhões de toneladas, 3% a menos que em 2008, e expansão de 1,7% no consumo, para 438,1 milhões de toneladas. Outros analistas projetam diferença maior.

 

A Índia, porém, acumulou estoques suficientes para atender a população por um ano. Outros países, como China e Tailândia, também mantêm grandes reservas, após dois anos de colheitas fartas. O preço barato do trigo poderia aliviar a situação e encorajar a opção por outros cereais.

 

Concepción Calpe, economista-sênior especializada em arroz na Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), observou que o arroz deve ser avaliado no contexto do mercado mundial de cereais.
"Embora o mercado de arroz esteja ficando mais apertado, as ofertas abundantes de trigo poderiam amortecer a pressão sobre os preços do arroz", disse.

 

Negociadores, analistas e autoridades admitem, contudo, que a situação é precária. Além da Índia, também estão preocupados com a seca no norte da China e os sinais de avanço do El Niño, o fenômeno meteorológico que provoca aridez nos países do Sudeste Asiático. Os maiores importadores asiáticos, como Filipinas e Bangladesh, estariam especialmente expostos a elevações no preço do arroz. Importadores na África e Oriente Médio também se mostram receosos.

 

O arroz é o alimento básico na Ásia e os governos da região preocuparam-se depois de Índia e Vietnã terem restringido as exportações em 2008 e desencadeado uma onda de compras impulsivas, levando o preço para o recorde de mais de US$ 1 mil por tonelada. Desde então, os preços caíram, mas a cotação referencial ficou em cerca de US$ 550, o dobro de antes da crise, em 2007.

 

Robert Papanos, diretor responsável pelo produto na corretora Seacor, de Houston, diz que asiáticos temerosos com a segurança alimentar doméstica podem impor restrições às exportações este ano ou em 2010, e desencadeiem novas ondas de compras impulsivas. A Índia já proibiu os embarques, incluindo em transações entre governos.
"As condições no fim de 2007, que levaram a um forte aumento dos preços em 2008, voltaram a existir agora", afirmou Papanos, acrescentando que os preços poderiam subir para algo entre US$ 600 e US$ 800 em 2010.

 

Bem Savage, da Jackson Son & Co., corretora de Londres, disse que o temor é que os governos intensifiquem seu envolvimento no mercado de arroz. "Eles estão mais ativos do que há 20 anos e há o risco de que reajam de forma exagerada. O arroz é uma commodity política".
 


Veículo: Valor Econômico


Veja também

Calçados: Varejistas preveem queda nas vendas com sobretaxa

As varejistas de calçados esportivos preveem queda nas vendas e já fazem os cálculos de quanto ser&...

Veja mais
Perdas causadas por fungos geram incertezas no PR

Representantes de instituições de pesquisas, de produtores rurais e de seguradoras reuniram-se ontem na Se...

Veja mais
Rugas no cativeiro

Os cosméticos geralmente são feitos para amenizar a ação do tempo na pele do rosto, no corpo...

Veja mais
Coop começa a produzir panetones para o Natal

A rede de supermercados Coop -Cooperativa de Consumo, que conta com 28 unidades, já iniciou a produç&atild...

Veja mais
Bunge inaugura hoje moinho de R$ 165 mi no Porto de Suape

Com investimento de R$ 165 milhões, a Bunge inaugura hoje, no Complexo Industrial Portuário de Suape, na c...

Veja mais
Marcas disputam a atenção dos chineses, que só olham preço

Comportamento: Promotoras de vendas em supermercados são principal arma da indústria     A...

Veja mais
Batata e cebola são as mais prejudicadas em São Paulo

Na Ceagesp, as chuvas de terça-feira danificaram o pavilhão de melancia e abacaxi; o prejuízo super...

Veja mais
Mercados emergentes são alvo em briga pela Cadbury

No âmago do apetite da Kraft Foods Inc. pela fabricante britânica de doces Cadbury PLC estão consumid...

Veja mais
Credores aprovam plano de recuperação da Casa & Vídeo

Com direito à claque de mais de cem pessoas vestidas de amarelo, a bolo de parabéns e a vídeos dos ...

Veja mais