Bunge já está entre as três maiores exportadoras de açúcar do mundo

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A Bunge está montando no Brasil sua plataforma internacional de açúcar. Os primeiros passos foram dados em 2006, quando a multinacional montou uma trading no país. Os negócios deram um grande salto com a incorporação da divisão de trading e comercialização de açúcar que pertenciam à inglesa Tate&Lyle, o que tornou a Bunge uma das três maiores exportadoras globais da commodity.

 

A expectativa é de que a múlti movimente este ano cerca de 4,5 milhões de toneladas de açúcar no mercado internacional, o que representa 10% do volume negociado no mundo. Desse total, 80% têm o Brasil como origem. A partir de 2010, a Bunge também começa a exportar seu próprio açúcar, produzido pelas suas usinas no país.

 
 
O anúncio da compra dos ativos de açúcar da inglesa ocorreu em julho de 2008, sem muito alarde, e a transação foi concluída este ano. Nos últimos meses, a companhia vem se preparando para se tornar uma das maiores comercializadoras globais de açúcar, concorrendo com pesos pesados como a Czarnikow e Sucden. O valor da negociação da divisão de trading da Tate&Lyle não foi divulgado, mas os ativos brutos da empresa inglesa foram avaliados, àquela época, em cerca de US$ 570 milhões.

 

A comercialização de açúcar voltou a ficar atraente nos últimos meses. A commodity acumula valorização de 90% este ano na bolsa de Nova York. Os preços do produto deverão continuar firmes nos próximos meses, por conta da quebra de safra de importantes países produtores, como a Índia.

 

No Brasil, a Bunge não tem poupado esforços nem feito economia para avançar no setor sucroalcooleiro. Com investimentos em andamento da ordem de R$ 2,1 bilhões no segmento de açúcar e álcool, a companhia opera no país duas usinas e está construindo sua terceira unidade, que deverá começar a operar na safra 2010/11. A empresa também analisa no país oportunidades para adquirir usinas em operação. Neste momento, a companhia está em processo de "due dilligence" (auditoria) das usinas do grupo paulista Moema e estuda os ativos da também paulista Equipav.

 

Há 104 anos no Brasil, a Bunge só decidiu entrar no setor sucroalcooleiro há três anos. Chegou um pouco tímida, montando uma trading de açúcar para conhecer o mercado, o que gerou críticas e desconfiança entre seus principais concorrentes. Em 2007, adquiriu sua primeira usina, a Santa Juliana, no Triângulo Mineiro. No ano seguinte, comprou sua segunda unidade, a Monte Verde, em Ponta Porã (MS), e iniciou a construção de um projeto "greenfield" (construção a partir do zero) no ano passado em Pedro Afonso, no Tocantins. O grupo japonês Itochu é sócio de duas das três unidades da Bunge - Santa Juliana e Pedro Afonso, com 20% de participação em cada. Na unidade de Monte Verde a múlti detém 60%.

 

"A Bunge vai exportar 100% da produção de açúcar de suas usinas", afirmou Adalgiso Telles, diretor de comunicação da companhia. A unidade Santa Juliana, que há duas safras produz apenas etanol, vai produzir açúcar a partir de 2010; a Monte Verde a partir de 2011 e a de Pedro Afonso, na safra 2011/12. "Em relação ao álcool, somente 15% deverá ser exportado", afirmou Telles.

 

Com seus atuais ativos em açúcar e álcool, a empresa tem capacidade para esmagar cerca de 13 milhões de toneladas de cana. O volume ainda é baixo para as ambições da empresa no Brasil.

 

Em 2006, quando deu início às suas operações como trading, a empresa exportou 500 mil toneladas de açúcar. Este ano, deve negociar 4,5 milhões de toneladas, dos quais 3,5 milhões de toneladas a partir do Brasil. A atividade ganhou maior musculatura com a incorporação da Tate.

 

Além da originação de açúcar a partir do Brasil, os ativos da Tate permitirão que a Bunge origine açúcar da Tailândia, que também está entre os maiores exportadores mundiais da commodity, e da Guatemala, na América Central.

 

Com forte tradição no mercado internacional de açúcar, a Tate&Lyle, fundada em 1921, desfez-se nos últimos anos de unidades de produção que não considerava lucrativa para se dedicar a produtos industrializados. Além dos ativos que negociou com a Bunge, a companhia já vendeu fábricas na Austrália e África e outras unidades ao redor do mundo.

 

No segmento de etanol, a Bunge fechou nas últimas semanas parceria comercial com a Vale para o transporte do álcool produzido na usina de Tocantins até o porto de Itaqui, no Maranhão. O foco da companhia nesse segmento deverá ser o mercado interno em um primeiro momento. Depois, se a demanda deslanchar no mercado internacional, a companhia criará uma infraestrutura maior para o combustível.

 

Os carros-chefes da Bunge são soja e trigo, segmentos que receberam milhões de reais em investimentos nos últimos anos, e fertilizantes. No entanto, a empresa decidiu que quer dar o mesmo tratamento para açúcar e álcool.

 

Atuando há mais de um século no país e há 190 anos no mundo, a Bunge chegou a ter mais de 130 empresas no país, incluindo negócios nos setores imobiliários, financeiro e de informática, até perceber que focar em agricultura poderiam ser um bom negócio, afirmou Adalgiso Telles.
 

 

Veículo: Valor Econômico


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