Fraqueza do mercado favorece Kraft em disputa pela Cadbury

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A Hershey Co. continua com dificuldades para fazer uma oferta pela britânica Cadbury PLC, dizem pessoas familiarizadas com a empresa, o que deixa a empresa do Reino Unido com poucas alternativas para uma oferta não negociada feita pela americana Kraft Foods Inc.
Autoridades britânicas deram até 9 de novembro para que a Kraft, dona da Lacta, faça uma oferta formal à Cadbury PLC, ou então desista da aquisição.

 

A empresa britânica, que fabrica chocolates, doces e goma de mascar, recebeu uma oferta da Kraft em setembro, avaliada na época em 10,2 bilhões de libras, ou cerca de US$ 16,7 bilhões; a Cadbury a rejeitou de imediato.
A americana Hershey passou a ser considerada uma possível alternativa para a Cadbury.

 

Executivos da Hershey e da fundação filantrópica que a controla têm estudado a possibilidade desde que a Kraft divulgou sua oferta, mas até agora não conseguiram montar um plano estratégico para uma oferta, dizem as pessoas familiarizadas com a empresa.

 

Isso em grande parte porque a Hershey, com US$ 5 bilhões em faturamento anual, é pequena demais para suportar a carga de endividamente necessária para fazer uma oferta concorrente, dizem essas pessoas.

 

O presidente do conselho da Cadbury, Roger Carr, disse em um comunicado que a decisão da autoridades reguladora cria "clareza e certeza" para os acionistas da empresa "na primeira oportunidade". Um porta-voz da Kraft disse: "Sabemos dessa decisão e compreendemos suas implicações".

 

Para a Kraft a ordem recebida ontem introduz a pressão do prazo ao processo de formalização da sua proposta, captação de recursos e apresentação para o conselho da Cadbury ou diretamente para os acionistas.

 

A Kraft é a segunda maior fabricante mundial de alimentos depois da Nestlé SA.

 

Uma possível união da Kraft com a Cadbury tem sérias implicações para a Hershey. Cerca de 85% das vendas da Hershey são nos EUA, onde o mercado de doces tem crescido devagar, e se a Cadbury for adquirida a Hershey perderá uma opção para expandir as vendas internacionais.

 

A Hershey contratou quatro consultores para a ajudar a explorar uma oferta. A companhia parece um par ideal para a Cadbury porque a rival britânica tem um alcance global que complementaria seus negócios voltados para o mercado interno nos EUA. As duas também têm acordos pelos quais a Hershey vende marcas da Cadbury nos EUA.

 

A Fundação Hershey teme que perder o controle pode acabar comprometendo a missão da instituição de continuar a financiar uma escola para crianças de baixa renda. O controle foi um problema em negociações da Hershey com a Cadbury sobre uma fusão há dois anos.

 

A Kraft poderá aproveitar até o fim esse prazo de seis semanas. Um dos motivos é que a Kraft está se beneficiando da fraqueza da libra britânica, que reduz a quantia em dólares que ela teria de pagar pela Cadbury. Se a moeda britânica cair ainda mais, o preço ficaria ainda mais favorável para a Kraft.

 

Uma espera mais longa também aumentará, provavelmente, o número de ações adquiridas por investidores de curto prazo, na esperança de obter um rápido lucro com a aquisição. Esses acionistas tendem a aceitar qualquer oferta mais alta do que o preço que pagaram pelas ações. Os acionistas menos exigentes ajudarão a causa da Kraft

 

Mas a Kraft teria que elevar sua oferta de 745 centavos (US$ 11,88 pelo câmbio atual), em dinheiro e ações, que fez na sua abordagem informal, enviada por carta. A ação da Cadbury subiu rapidamente bem além desse preço, fechando a 803 centavos, com aumento de 4 centavos, na bolsa de Londres ontem.

 

Executivos da Cadbury em Londres dizem que estão preparando suas reações a diferentes resultados, mas continuam focados na administração da empresa. Em entrevista na semana passada o diretor-executivo Todd Stitzer disse que está enviando notícias atualizadas à equipe da Cadbury duas vezes por semana, "pedindo-lhes que continuem focados e dizendo-lhes que a nossa melhor defesa é realizar nosso potencial".
 

 

Veículo: Valor Econômico


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