Depois das matérias-primas, a distribuição é um dos maiores custos da Whirlpool Corp., a empresa americana dona da Brastemp e da Consul, cujos negócios dependem da entrega de produtos pesados como lava-louças da fábrica ao consumidor o mais rápido possível.
Mas quando Brian Hancock assumiu a diretoria da cadeia de suprimento da empresa nos Estados Unidos, em 2005, o sistema de logística era uma mistura bagunçada de depósitos, estações de transporte e centros de distribuição. Os varejistas tinham com frequência que esperar de cinco a dez dias para receber os eletrodomésticos.
Hancock embarcou num programa de quatro anos e US$ 600 milhões para erguer do zero um sistema de distribuição de última geração. A tarefa aumentou no começo de 2006, quando a empresa comprou a rival Maytag Corp. E a Whirlpool acabou ficando com excesso de capacidade quando suas vendas desabaram por causa da recessão.
Mas a iniciativa está produzindo resultados que permitem à Whirlpool reduzir seu estoque anual em cerca de US$ 250 milhões e entregar os produtos em 48 a 72 horas. A empresa também está poupando cerca de US$ 100 milhões por ano com o aumento da eficiência, afirma a Whirlpool.
A reforma logística da Whirlpool mostra como uma recessão pode deixar as maiores e mais capitalizadas empresas melhor posicionadas quando a economia se recupera.
De fato, "não há melhor época para investir do que agora, quando talvez alguns de seus concorrentes não o estão fazendo", diz Tim Hanley, vice-presidente e líder de processos e produtos industriais nos EUA da Deloitte & Touche LLP.
Na Whirlpool, onde as vendas caíram cerca de 20% nos últimos 12 meses, a reestruturação da logística é uma das poucas coisas que não teve cortes.
"Isso e investimento em inovação de produtos são as únicas áreas nas quais estamos gastando o mesmo de quatro anos atrás, quando tínhamos demanda recorde", diz o presidente da Whirlpool, Jeff Fettig.
As operações de pedidos e entregas da empresa costumavam ficar em divisões separadas, complicando a coordenação e resultando em erros de alto custo quando a Whirlpool fabricava determinados produtos em excesso.
O sistema de distribuição frequentemente tinha que absorver o excesso de estoque, dedicando até 15 edifícios temporários para a estocagem de lava-louças, secadoras e fogões. "Os produtos são tão grandes que eu poderia encher um depósito em mais ou menos uma semana", diz Kevin O'Meara, diretor de operações da cadeia de suprimentos.
O núcleo da reforma foi a substituição de 41 instalações antiquadas por 10 enormes centros regionais de distribuição que usam sistemas de gestão de estoques altamente computadorizados e empilhadeiras mais modernas, capazes de operar produtos de diferentes tamanhos.
Agora, quando os caminhões transportam os eletrodomésticos das fábricas para um centro de distribuição, a mercadoria é alocada de acordo com a rapidez com que deve sair.
A Whirlpool abriu seu novo centro de distribuição em Lockbourne, Ohio, no norte dos EUA, há cerca de um ano. O edifício, de 145.000 metros quadrados, tem baias de estacionamento para 172 caminhões e ocupa mais de 800 metros de uma ponta a outra. Mas ainda há alguns poréns. A instalação é maior do que a empresa precisa, e 23.000 metros quadrados estão vazios.
O'Meara diz que a culpa é da queda nas vendas por causa da recessão e estoques menores que o esperado por causa da reforma logística. Ele diz que a Whirlpool espera alugar o espaço vazio para fornecedores e parceiros de transporte.
Veículo: Valor Econômico