Oscilação de mercado gera perda à produção de cebola
Isso porque aqui, diferentemente de outros polos produtores, se produz durante o ano todo. São 200 mil toneladas do produto por ano, em sete mil hectares de área plantada.
Por outro lado, a produçãosofre com as oscilaçõesdo mercado – preço da saca varia de R$ 10 a R$ 27 por ano. Para evitar perdas, projeto do governoprevê aimplantaçãode uma fábrica de processamento de cebola voltada à produção em conserva e em pasta no município de Sento Sé.
O superintendente de políticas de agronegócios da Secretaria da Agricultura do Estado, Jairo Vaz, diz que o município de Sento Sé foi escolhido pelo potencial da região. Segundo ele, a produção vem sofrendo queda com a redução da área plantada e dificuldade de acesso ao crédito pelos produtores.
“A cebola costuma ocuparumamédia deseis trabalhadores por hectare. Em Sento Sé, um terço da população vive desta cultura”, diz.
A fábrica de Sento Sé representa um investimento de R$ 500 mil na região. São R$ 406 mil em recursos do governo do Estado, através da Secretaria da Agricultura, e a participação da prefeitura do município, através da doação do terreno. As obras começam no próximo mês de novembro e a fábrica deve começar a operar entre maio e junho de 2010. De acordo com o projeto, a indústria será gerida por umacooperativa de produtores, fundada no último mês de julho.
Na semana passada, o Sebrae, em parceria com a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), capacitou 300 agricultores para as práticas de associativismo e cooperativimo para gerir a nova fábrica. A captação de clientes para o escoamento da produção também será feita pelos cooperados com a orientação da Secretaria da Agricultura e do Sebrae.
O presidente da Associação de Produtores de Cebola do SemiAacute;rido, Edson de Castro Pinto, comenta as oscilações de mercado, mas não acredita na viabilidade da fábrica como regulador de mercado.
“Quando é período de entressafra em outras regiões, conseguimos abastecer todos os mercados e o preço sobe”.
“Agora, por exemplo, vivemos um bom período, já que as chuvas prejudicaram a produção do Sudeste. Na segunda quinzena de novembro, porém, o preço deve cair com a entrada das safras de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul“, explica. Ainda assim, comoa produçãoem 2009foi cerca de 30% menor do que a do ano passado, o produtor disse que o alto preço compensará as perdas com a quebra da produtividade.
Mesmo com estes altos e baixos, o presidente da associação de produtores disse que não acredita na viabilidade da fábrica em Sento Sé. “Para o produtor, não é viável produzir para a indústria, os preços pagos são muito baixos”, disse Edson de Castro.
De acordo com ele, vender para a fábrica de beneficiamento só seria interessante quando o produto estivesse condenado a ser jogado fora.
“É mais vantajoso enviar o produtopara Salvadordoque para Sento Sé, já que as estradas estão muito ruins”, completou Edson de Castro.
A explicação da Secretaria da Agricultura é que a fábrica em Sento Sé utilize apenas a cebola não qualificada para a venda ou quando o valor de mercado estiver muito baixo.
Em forma de pasta, o produto ganha valor e, como a fábrica deve ser gerida pela cooperativa de produtores, eles mesmos devem ficar com os lucros. A recuperação das estradas, segundo Jairo Vaz, deve fazer parte do planejamento para escoamento da produção.
O superintendente de agronegócios da Seagri também adiantou outros planos do governo para fomentara produção de cebola na Bahia. “Hoje, os produtores não têm acesso aocrédito porquenãohá a garantia de um preço mínimo.
Hoje a cebola do Nordeste é considerada uma loteria”, disse.
Apesar de a produção ser contínua, a venda é considerada rentável durante quatro meses ao ano, de junho a setembro.
“Queremos discutir mecanismos de financiamento e também a garantia de preço mínimo com a Conab para as safras de cebola durante todoo ano paraque possamos recuperar a aplicação em crédito de custeio”, completou Jairo Vaz.
Veículo: A Tarde - BA