Lílian Cunha e Daniele Madureira, de São Paulo
A Hypermarcas anunciou ontem mais duas aquisições: a marca de preservativos Jontex, que pertencia à Johnson & Johnson, por US$ 101 milhões, e, por US$ 120 milhões, a Indústria Nacional de Artefatos de Látex (Inal), dona da Olla, Lovetex, Microtex, entre outras marcas. "Vamos reativar o mercado de camisinhas", afirmou Claudio Bergamo, presidente da Hypermarcas.
Com a operação, segundo ele, ainda sobram R$ 500 milhões no caixa da empresa, que no primeiro semestre arrecadou R$ 543 milhões por meio de uma oferta de ações. A Jontex, de acordo com o executivo, foi comprada à vista, enquanto 60% do pagamento da Inal foi financiado em cinco anos. Segundo estimativas de mercado, as vendas da Inal somam R$ 50 milhões ao ano e as da Jontex, R$ 70 milhões.
Com o controle das duas fabricantes (o negócio inclui o parque fabril da Inal e o maquinário da fábrica da J&J em São José dos Campos), a Hypermarcas passa a ter 45% das vendas de camisinhas no país. "Apesar de o brasileiro fazer muito sexo, o consumo per capita de preservativos ainda é muito baixo", afirma Bergamo. Segundo números coletados pela empresa, no Brasil o consumo por pessoa é de 1,7 preservativo ao ano. "No Japão, são 10, na Grécia chega a 8 e nos Estados Unidos são 4,5", acrescenta Bergamo. "Vamos voltar a investir forte em propaganda para aquecer o consumo", declarou ele.
Há anos a Johnson & Johnson não investia em publicidade ou diversificação do produto, uma vez que os preservativos estavam fora do foco de negócios da multinacional. O Brasil era o único país em que a americana fabricava e comercializava camisinhas.
"Para a J&J foi um ótimo negócio", diz Marcelo Hahn, presidente da Blausiegel, farmacêutica dona da concorrente Preserv, detentora de 13% do mercado em volume. "A Hypermarcas não tem a mesma força de vendas da J&J. O mercado deve encolher, principalmente nos supermercados", analisa. Segundo Hahn, a J&J dava preservativos aos varejistas como desconto na compra de sua linha de produtos infantis. Bergamo não concorda. "Temos boa entrada no canal autosserviço com nossa linha de alimentos. Queremos elevar a participação desse canal", diz. Hoje, 75% das vendas vêm das farmácias e 25% de supermercados.
As vendas anuais de camisinhas no país são de R$ 329 milhões. O maior fornecedor, porém, é o governo federal, que no último ano distribuiu gratuitamente 406 milhões de unidades, o equivalente a 60% da oferta à população. A Hypermarcas, diz Bergamo, não planeja fabricar para o governo. Segundo ele, a empresa ainda poderá fazer aquisições em 2009.
Veículo: Valor Econômico