Supermercado vende apenas produtos de acordo com os mandamentos da Torá
 

 

Estimada em 60 000 pessoas, a comunidade judaica de São Paulo sempre teve dificuldades para encontrar alimentos kosher, aqueles que seguem as leis milenares determinadas pela Torá, o livro sagrado dos judeus. As regras são complexas. É proibido, por exemplo, misturar carne e laticínios na mesma refeição e consumir bebida sà base de uva que não tenham sido produzidas sob a supervisão de um rabino. Para quem segue rigorosamente os preceitos da Torá, só é permitido levar à mesa carne de mamíferos ruminantes com cascos fendidos, como o boi e o cordeiro -desde que o abate provoque neles o mínimo de sofrimento -, e verduras livres de insetos e sujeiras. ‘Dá para contar nos dedos os endereços da cidade que vendem produtos com essas especificações’, afirma o judeu ortodoxo Mauricio Majtlis, que viu na escassez desses itens uma oportunidade de negócio.

 

O resultado dessa percepção se materializou na criação do Super K - Market & Deli, o primeiro supermercado do país especializado em produtos kosher. Inau¬gurada no mês passado, a loja de 700 metros quadrados reúne mais de 2 000 itens. Há desde quitutes típicos como o chala (pão doce trançado) e o beigale (rosquinha salgada) até alimentos industrializados como cereais matinais e batatinhas fritas. Tudo certificado pelo rabinato judaico. ‘Agora não preciso ir a quatro endereços para fazer minhas compras’, diz o rabino Hersch Isler, que foi conferir a novidade na última terça. Artigos de higiene e de limpeza também têm espaço nas prateleiras. ‘A ideia é que os consumidores, judeus ou não, se sintam em um mercado normal’, explica Majtlis. O espírito ecumênico, no entanto, não se estende ao horário de funcionamento. Em respeito ao Shabat, período de orações e descanso judaico, a loja fecha antes de o sol se pôr na sexta-feira e só reabre aos domingos.

 

Veículo: Revista Veja S.Paulo