Preços baixos e clima refletem na safra de trigo

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Se produtor optar por vender ao governo, indústria terá que importar mais.

 

Além do fator climático que deve comprometer a produção e a qualidade do trigo gaúcho, o mercado para o cereal não é nada animador. O recuo da produção na Argentina e no Paraguai - o que poderia levar a uma maior valorização do trigo nacional - soma-se à elevada oferta mundial, fator que aliado à baixa do dólar tende a fomentar a importação de trigo dos Estados Unidos. “Para não perder competitividade, o produtor gaúcho poderá equiparar o preço interno ao do cereal vindo de fora, o que significa rebaixamento”, explica o consultor da área de trigo da Safras e Mercados, Elcio Bento.

 

Para o especialista, em função dos problemas climáticos e da redução do investimento em tecnologia feito nas lavouras, a indústria não deverá oferecer preços mais altos dos que os verificados atualmente, em torno de R$ 21,00 a saca de 60 quilos. Frente a esse cenário, a expectativa dos produtores é de que o governo federal ofereça, em breve, mecanismos de comercialização, cujo preço mínimo chega a R$ 441,00 a tonelada, contra os R$ 390,00 a tonelada pagos pela indústria.

 

O presidente do Sindicato da Indústria do Trigo no Estado (Sinditrigo), Gerson Pretto, ressalta que a prioridade da indústria é sempre comprar trigo produzido no Rio Grande do Sul, importando apenas o necessário para melhorar a qualidade do produto interno. No entanto, o dirigente lembra que, se os produtores decidirem vender para o governo, a saída será a importação. “Não temos como equiparar com os preços oferecidos pelo governo”, afirma. O dirigente destaca que o fator determinante para a compra do produto pelos moinhos será a qualidade, o que ainda não pode ser feito já que o período é de início de colheita. “Se o trigo gaúcho se mantiver bom, não há por que trazer de fora.” Na opinião do dirigente, caso seja necessária a importação de um volume maior do que os 30% que a indústria costumeiramente compra todos os anos, para suprir a demanda interna, o Uruguai tem plenas condições de atender ao mercado interno.

 

Para o consultor da Safras e Mercado, o Rio Grande do Sul, se comparado com a situação do Paraná, ainda conta com a expectativa de ter resultados um pouco melhores, já que a colheita ainda não começou. “Se o clima ajudar, ainda é possível colher bem”, disse. 

 

No entanto, não é esse o sentimento verificado entre os produtores. O presidente da Comissão de Trigo da Farsul, Hamilton Jardim, ressalta que nesse ano a história se repete e mais uma vez os triticultores gaúchos terão frustradas as expectativas de produção: a princípio o indicativo era de colher 1,7 milhão de toneladas, volume que hoje não deve ultrapassar 1,4 milhão, conforme previsões da Farsul. A persistência da chuva que durante o final de setembro e início de outubro tem se mantido constante nas principais regiões produtoras do cereal é apontada como principal causa de quebra da produção, aliada à redução de 10% de área plantada e à possível incidência de doenças fúngicas nas lavouras.

 


Veículo: Jornal do Comércio - RS


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