Produção de leite volta a aumentar em SP

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Cenários: Com incentivos do governo estadual desde 2007, oferta volta a crescer e indústrias retomam aportes


  
Depois de uma década de produção em queda e investimentos mais modestos do que aqueles observados em outros Estados, a cadeia leiteira paulista voltou a se expandir em 2007 e retomou o patamar de oferta que tinha nos anos 90. Agora, com incentivos fiscais e novos projetos, acredita ter condições de recuperar a relevância de 30 anos atrás, quando "perdia" apenas para Minas Gerais, ainda inabalável em sua posição de maior bacia do país.

 

Conforme o Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados no Estado de São Paulo (Sindileite), a produção paulista cresceu 5% em 2007 e 3% em 2008 e voltou a alcançar cerca de 2 bilhões de litros, após permanecer na faixa de 1,7 bilhão entre 2001 e 2006. Com os avanços, retomou a sexta posição no ranking nacional, e para 2009 a previsão da entidade é de novo incremento, de pelo menos 3%.

 

São números um pouco distintos dos apresentados pelo IBGE, e o Sindileite justifica a diferença com a dificuldade de se ter estatísticas precisas em um mercado marcado pela informalidade. O país produz cerca de 28 bilhões de litros de leite por ano, e segundo o sindicato o leite inspecionado soma 19 bilhões de litros.

 

Segundo o IBGE, a produção paulista caiu abaixo de 1,7 bilhão de litros em 2007, e o Sindileite garante que foi naquele ano que o cenário começou a mudar.
"Foi em 2007 que começaram os incentivos do governo estadual, como isenção de ICMS e crédito presumido para longa vida e queijo. São Paulo é grande consumidor e o maior 'importador' de leite do país, e era preciso fixar indústrias no Estado", afirma Carlos Humberto Mendes de Carvalho, presidente do Sindileite e da companhia Carta Assessoria e Participações.

 

Segundo ele, os incentivos e a retomada da produção já atraíram investimentos de grandes grupos como Nestlé e Itambé e os preços pagos aos pecuaristas no mercado estadual melhoraram. Há em São Paulo, hoje, mais de 100 laticínios, afirma Carvalho.

 

Carvalho afirma que, em média, o litro do leite está saindo por volta de US$ 0,46 (posto usina). Conforme o dirigente, é um patamar superior ao praticado em países vizinhos como Argentina (US$ 0,23) e Uruguai (US$ 0,20) e mais do que se paga atualmente na União Europeia (€ 0,30), onde os pecuaristas locais lideram uma nova onda de protestos por subsídios.

 

Para ele, os preços paulistas atuais são um alento diante de um mercado externo desfavorável, em boa medida por conta da desaceleração econômica derivada do aprofundamento da crise financeira irradiada dos EUA, em setembro do ano passado. "Não há preço para exportar", afirma.

 

O presidente do Sindileite afirma que a tonelada do leite em pó (principal produto exportado pelos laticínios), que alcançou US$ 5 mil em recentes momentos melhores, chegou a descer a US$ 1,8 mil no início deste ano e agora voltou para cerca de US$ 2,4 mil.

 

Por enquanto, diz, a retração das exportações não está provocando grandes excedentes no mercado doméstico, mas é possível que isso aconteça a partir de novembro. De qualquer forma Carlos Humberto Mendes de Carvalho está otimista. "Estamos caminhando para crescer com redução da informalidade", confia.
 


Veículo: Valor Econômico


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