P&G estuda aquisições e venda de marcas

Leia em 4min 30s

Diante da pressão crescente para aumentar as vendas, que estão em queda, e reequilibrar a empresa, Robert McDonald acelerou a busca por candidatos a aquisição ou desmembramento, disseram pessoas a par da situação.

 

Desde que assumiu o cargo, em julho, McDonald tem tentado mudar a cultura lenta e burocrática da P&G. Ele passou a analisar mais de perto as marcas da empresa, como a Braun, de eletrodomésticos, a Iams, de ração para animais de estimação, as pilhas Duracell e as batatas Pringles. Embora esses negócios sejam considerados há muito tempo exógenos ao foco da P&G em cosméticos, saúde e produtos domésticos não-alimentícios, McDonald deu um ultimato: os chefes dessas divisões estão avisados de que precisam provar que suas marcas têm potencial de crescimento, ou serão vendidas.

 

Enquanto isso, a P&G está de olho no portfólio de produtos da Schering-Plough que não são farmacêuticos vendidos sob receita. A Schering-Plough está atualmente em processo de fusão com a Merck & Co. (MSD no Brasil). Da mesma forma, a P&G está de olho em produtos da Wyeth Corp., que foi adquirida recentemente pela Pfizer Inc. Outra possibilidade: a fabricante de cosméticos Alberto-Culver Co. Ainda não estava claro, entretanto, se essas empresas aceitariam se vender.

 

A P&G está mais próxima de um acordo para comprar a divisão internacional de produtos para o lar da Sara Lee, particularmente seus purificadores de ar Ambi Pur, que são populares na Europa, segundo pessoas a par da questão.

 

A Pfizer, a Alberto-Culver e a Sara Lee não quiseram comentar. Um porta-voz da P&G disse: "Continuaremos a monitorar de perto nosso portfólio de marcas."

 

A compra da divisão da Sara Lee poderia ser a primeira de várias aquisições em estudo, à medida que McDonald tenta "reequilibrar e melhorar agressivamente" uma empresa cujo desempenho ele sabe que está abaixo do esperado, disse uma das pessoas.

 

A P&G, maior dos conglomerados cujos bens de consumo vão de produtos de higiene e limpeza a saúde e até alimentos, tem tido mais dificuldades que muitos de seus concorrentes durante a recessão. De olho nos gastos, as pessoas vêm deixando de lado os produtos da P&G, que podem custar até mais que o dobro da concorrência, especialmente as marcas próprias. Muitas das marcas mais caras da P&G perderam mercado, o que derrubou as vendas e lucros da empresa.

 

Sediada em Cincinnati, no Estado americano de Ohio, a empresa divulgou hoje queda de 1,2% no lucro do primeiro trimestre fiscal, encerrado em setembro, para US$ 3,3 bilhões. A receita caiu 6%, para US$ 19,8 bilhões, mas a margem bruta aumentou de 49,7% há um ano para 52,6%, graças a aumentos nos preços e custos menores.

 

A compra de operações de crescimento mais acelerado permitiria à P&G recuperar a expansão do faturamento, dizem pessoas próximas da empresa.

 

Alguns analistas insistem que melhorar as marcas importantes da P&G é a única maneira de melhorar os resultados. A empresa tem 23 marcas que faturam anualmente US$ 1 bilhão cada. Essas marcas respondem por 69% das vendas totais da P&G e 75% dos lucros, segundo estimativa recente do analista do Deutsche Bank Bill Schmitz. "A saúde dessas marcas é crucial para o sucesso geral da empresa", escreveu ele.

 

Mês passado, McDonald detalhou para os investidores seus planos para retomar o crescimento da empresa, como cortes de preços, expansão no exterior e lançamento de produtos mais baratos. "Sabemos que vocês acabam nos punindo pelo tamanho", disse McDonald durante uma apresentação. "Estamos focados em transformar essa escala em crescimento e vantagem nos custos."

 

Em vez de passar vários meses avaliando onde fazer mudanças, como seria a norma numa empresa conservadora como a P&G, McDonald pretende "ser mais agressivo e fechar acordos que vão melhorar o que a empresa já tem", disse uma pessoa a par da questão.

 

A Duracell - que a P&G comprou em 2005 como parte de sua aquisição da Gillette - tem sido considerada mais difícil de combinar com outras marcas da P&G, porque está muito exposta a concorrentes mais baratas e também à flutuação nas cotações de commodities.

 

A P&G já ofereceu a Duracell para possíveis compradores, mas até agora não surgiu nenhum acordo, segundo uma pessoa a par da questão. A Duracell deve faturar US$ 2,5 bilhões no ano fiscal de 2010, que termina em 30 de junho, segundo o analista da Sanford Bernstein Ali Dibadj.

 

A Iams, cujas vendas anuais são calculadas em US$ 1,8 bilhão, segundo Dibadj, também luta para melhorar a margem de lucro em meio à flutuação das commodities. A Iams é uma das marcas mais caras de ração para animais de estimação, e convencer as pessoas a pagar mais é especialmente difícil em tempos de recessão, o que acabou derrubando sua participação no mercado.

 

A Braun, que tem vendas anuais calculadas em US$ 1,3 bilhão, também é considerada estranha ao núcleo de negócios da P&G. Como a Duracell, a marca foi comprada juntamente com a Gillette.
 


Veículo: Valor Econômico


Veja também

Açúcar: indústria responde por 60%

Estudo do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) aponta que 60% do consumo de a&ccedi...

Veja mais
Supermercados têm mais de 6.000 vagas

Há pelo menos 6.475 vagas em supermercados do Estado, para funções como promotor de vendas, operado...

Veja mais
Marcas menos conhecidas crescem 80%

José Figueiredo não se arrependeu de ter deixado Treixedo, Portugal, aos 18 anos, para apostar no Brasil. ...

Veja mais
"Atacadao" estreia em abril na Colômbia

O Carrefour decidiu batizar o Atacadão de "Atacadao", sem til, na Colômbia, onde a primeira loja da rede br...

Veja mais
AL salva Kellogg

A Kellogg Company, dona da marca Sucrilhos no Brasil, fechou o terceiro trimestre com ganho líquido de US$ 361 mi...

Veja mais
Posto do Pão de Açúcar

O Grupo Pão de Açúcar fechou contrato para fazer a gestão da rede de postos de combust&iacut...

Veja mais
Setor de limpeza tem expansão acima da média

Os artigos de limpeza são os campeões na perda de consumidores que não estão mais dispostos ...

Veja mais
Cadeia de orgânicos quer adiar novas regras

Alimentos: Segmento pedirá ao governo prorrogação por um ano do cumprimento de instruç&otild...

Veja mais
IPI continua menor só para eletrodomésticos "verdes"

O governo estendeu até 31 de janeiro a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sob...

Veja mais