As indústrias de plástico brasileiras terão aumento no faturamento bruto dos próximos anos, depois da queda de 17% sofrida no primeiro semestre de 2009, em relação ao mesmo período de 2008. A projeção é do presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), Merheg Cachum. A diretoria da entidade acredita que, com a recuperação da economia mundial a indústria de plástico no Brasil e no Estado de São Paulo deve aumentar sua receita.
O faturamento bruto do setor neste primeiro semestre foi de R$ 644 milhões, enquanto em 2008 o faturamento de janeiro a julho foi de R$ 800,1 milhões. Diz o presidente da Abiplast: "Todo o setor no Brasil terá crescimento. Sem dúvida a tendência, não digo este ano, mas nos próximos anos, é de forte crescimento. Não só as empresas, mas o governo, estão lutando por isso".
Merheg Cachum frisou que os principais fatores que vão contribuir para a retomada do crescimento do setor, que congrega cerca de 11. 500 indústrias, são: os incentivos fiscais, garantidos pelo governo federal; a exploração da autossuficiência em matérias primas como vantagem competitiva em relação a outros países; e o programa Export Plastic, que visa criar uma cultura de exportação entre as indústrias.
Para ele, ainda que grandes eventos internacionais como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 também devem fomentar o setor de plástico, com o aumento da produção de brindes, como bandeiras. De acordo com a Abiplast, cerca de 48% das 11.500 empresas do País, estão localizadas em São Paulo, que além de ser o estado que concentra o maior número de empresas do setor, é lar de algumas das indústrias de alguns dos setores mais competitivos do País.
"Eu posso assegurar que em todos os segmentos, o Estado de São Paulo é o primeiro em relação ao número de exportações, entre as indústrias de embalagem, de alimentos, de construção civil e entre as automotivas", elucidou o presidente da Abiplast.
Destinos
Dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2008 mostram que os principais destinos de exportação do plástico brasileiro atualmente são os países do Mercado Comum do Sul (Mercosul): Paraguai, Uruguai e Argentina, com 31% das exportações; os países da Associação Latino Americana de Integração (Aladi) com 23%, de países sul-americanos que não participam do Mercosul; a União Europeia, com 22%; e os Estados Unidos, com 10% do volume de exportações.
Um artifício que deve aumentar a fluidez das empresas destacado por Merheg é o crédito oferecido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a Micro, Pequenas e Médias Empresas, que possuem receita bruta anual de até R$ 60 milhões.
A linha de crédito, denominada "Cartão BNDES do setor de plástico" fornece até R$ 500 mil para compras financiadas de produtos como máquinas e equipamentos, computadores, softwares, móveis comerciais e veículos utilitários.
Export Plastic
Merheg Cachum disse que a principal estratégia para aumentar o volume das exportações de plástico do País é o Programa Export Plastic. Criado em 2003, o programa, patrocinado pela Agência de Promoção de Exportação do Brasil (Apex) e pela Abiplast, formula estratégias para auxiliar empresas a iniciar, aumentar ou retomar suas exportações.
O gestor do programa, Marco Vidra, estima que, do ano passado para este ano, as exportações tenham tido crescimento de 15%. Ele conta que este aumento é inferior a anos anteriores, quando houve acréscimo de 36,1% no volume de exportações de 2007 dos associados, que totalizam 77 empresas, de micro, pequeno, médio e grande porte. No ano de 2007, as exportações soaram um montante de R$ 174 milhões, enquanto em 2008 foram R$ 237 milhões.
Bomba
"O ano de 2009 foi atípico, por causa da bomba que estourou em 2008. Sofremos uma queda de demanda no último trimestre de 2008 que prosseguiu até o segundo trimestre de 2009 e estamos sentindo uma leve retomada de exportações dos nossos associados. Espero que este ano fechemos com aumento de 15% das exportações em relação a 2008", explicou Marco Vidra. O gestor do Export Plastic diz que São Paulo é o principal estado exportador de plástico do País, com 58% das associadas, ou 45 empresas do Export Plastic estão em São Paulo.
Vidra explica que o programa possui quatro pilares de estímulo à exportação das empresas, que são: promoção comercial das empresas no mercado internacional, por meio de feiras; fornecimento de estratégias para inteligência comercial competitiva; capacitação e qualificação profissional; e suporte operacional.
O orçamento bienal do programa, dos anos de 2008 e 2009, foi de R$ 8,3 milhões. Os recursos são provenientes da Apex, que é responsável por 49% dos investimentos e dos associados, que pagam um valor mensal de R$ 575.
Recuperação
A recuperação das indústrias não se dá apenas no segmento de plástico, mas em boa parte do setor. É o que mostra o índice do nível de emprego da indústria paulista, apurado pela Fiesp e o Ciesp, que voltou a registrar resultado positivo. No mês de setembro, o índice subiu 0,2% com ajuste sazonal, após voltar ao "nível zero" no mês anterior, superando uma série de doze baixas seguidas.
Ao divulgar os resultados da pesquisa, Paulo Skaf, presidente da Fiesp/Ciesp, afirmou que a indústria está otimista com a volta do emprego, que interrompe um ano de quedas consecutivas e mostra que o movimento de retomada é consistente. "O mercado interno vai bem e para uma parte do setor industrial, a crise já está superada", disse Skaf. O setor sucroalcooleiro, que gerou 51 mil vagas no ano, respondeu pela maior parte das demissões em setembro, que atingiram mil trabalhadores. Nos demais setores, o saldo de vagas foi positivo, com bom desempenho da indústria.
Veículo: DCI