Corretores estimam que até 14% do registro de ações da Cadbury está em mãos de fundos hedge que apostam no sucesso da oferta hostil da Kraft para comprar a fabricante britânica de doces por US$ 16,2 bilhões.
Os corretores preveem que até a conclusão da disputa, os investidores que fazem arbitragem em acordos de fusão poderiam elevar ainda mais essa proporção, detendo 25% das ações da Cadbury, o que potencialmente inclinaria o resultado a favor da Kraft. "Quanto mais negócios os arbitradores fizerem neste acordo, melhor para a Kraft porque eles apenas querem um retorno rápido", disse um operador de arbitragens em fusões de um fundo hedge londrino.
O nível de interesse no acordo ressalta a crescente confiança do setor de fundos hedge e a retomada de seu apetite por risco. Muitos foram seriamente atingidos pela crise em 2008, quando os mercados de crédito secaram e os privaram do financiamento necessário para fazer acordos e conseguir bons retornos.
Agora, no entanto, se recuperaram. No acumulado do ano, os fundos centrados em arbitragens em fusões ganharam em média 9,88%, segundo a Hedge Fund Research. A Paulson & Co, gestora de fundos hedge que ganhou bilhões apostando contra o mercado imobiliário dos EUA, elevou ontem sua participação na Cadbury pelo segundo dia consecutivo, a um preço médio de 760 pence por ação.
O fundo hedge nova-iorquino possui 2,54% da fabricante britânica de doces, o que a torna sua quarta maior acionista. Caso a Kraft melhore sua oferta para 800 pence por ação, o fundo está posicionado para ganhar um bom retorno.
A investida da Paulson seguiu-se à decisão da Kraft, na segunda-feira, de formalizar sua oferta inicial não solicitada pela Cadbury, reiterando a proposta de 300 pence em dinheiro e 0,2589 novas ações da Kraft por ação da empresa britânica. No fechamento do mercado, a oferta era equivalente a 720 pence por ação da Cadbury, bem abaixo do preço atual das ações, de 763 pence.
A Cadbury considerou "irrisórios" os termos propostos. A entrada dos arbitradores, no entanto, poderia dificultar que direção da Cadbury controle seu próprio destino. Esses fundos almejam lucrar com a diferença entre o preço das ações da empresa-alvo após o anúncio da tomada de controle e o preço de fechamento na conclusão do acordo. Durante fusões, as ações da empresa compradora normalmente caem, enquanto as da empresa-alvo sobem.
Em uma transação típica envolvendo apenas ações, os fundos de arbitragem em fusões e aquisições compram ações na empresa-alvo e vendem ou vendem a descoberto as ações da compradora.
Veículo: Valor Econômico