A joint-venture entre o grupo italiano Fedrigoni, que atua, dentre outros segmentos, na fabricação de filmes e papéis audoadesivos, e o grupo brasileiro Gafor, especializado em logística, acaba de dar seu primeiro fruto: a fábrica da Arconvert Brasil, em Jundiaí (SP), com capacidade para produzir 90 milhões de metros quadrados de adesivos por ano. A nova unidade recebeu R$ 50 milhões em investimentos, 60% capital italiano e 40% a cargo da Gafor.
O Grupo Fedrigoni está em atividade há mais de 290 anos, e uma de suas empresas é a Arconvert, situada na Itália, responsável pelo abastecimento de 28% daquele mercado de adesivos e rótulos, com exportação de 55% do que fabrica. O Grupo Gafor, por sua vez, foi criado em 1951 e hoje, no País, é o maior em logística internacional para o transporte rodoviário.
O diretor-geral da Arconvert Brasil, Roberto Dino Restivo, a intenção é que a produção supra o mercado nacional e também países da América do Sul, com destaque para a Argentina e o Chile. "No próximo ano utilizaremos perto de 50% de nossa capacidade instalada e temos condições, já em 2011, de trabalhar a toda carga, fabricando o equivalente a 18% do mercado doméstico de adesivos, que é de aproximadamente 500 milhões de metros quadrados por ano, com consumo per capita de 2 a 3 metros quadrados por habitante/ano, algo muito parecido com o que se tem na Argentina", avaliou.
Este número, porém, está distante do alto desempenho europeu, que é de 13 metros quadrados de adesivos consumidos anualmente por habitante. No Brasil, 25% do mercado utilizam papéis autoadesivos. Na Europa, esse número chega a 40%. A grande produção brasileira de celulose também criou o ambiente propício para a instalação da Arconvert Brasil.
Segundo o executivo, serão cinco linhas de produtos fabricadas na unidade de Jundiaí: papel couchê, papel térmico, transtérmico, filmes polipropileno e vinil, direcionados para a fabricação de rótulos e etiquetas de embalagens para produtos farmacêuticos, químicos, cosméticos, de higiene, bebidas, alimentos e indústrias em geral. Restivo disse que todos os anos, no mundo, são consumidos 40 bilhões de metros quadrados de rótulos e etiquetas, sendo que desse total, 16 bilhões são autoadesivos.
METAS. "O segmento no Brasil tem condições de crescer, em média, 12% ao ano, o que motivou nossa aposta. Entretanto, deveremos direcionar também perto de 30% da produção para o mercado Externo", explicou o diretor-geral da empresa, acrescentando que a meta é a companhia faturar cerca de R$ 100 milhões em 2010.
Segundo ele, a Arconvert sofria com problemas de logística e, embora grande parte da matéria-prima fosse obtida no Brasil, esses insumos precisavam ir à Europa para depois retornarem ao País já em forma de produtos semi-acabados que seguiam para as empresas convertedoras fazerem o acabamento. "Isso era inviável e elevava os custos. Produzindo internamente deixaremos de pagar de 12% a 16% de imposto de importação", disse Restivo, reclamando que a informalidade no setor é outro entrave.
De acordo com o membro do Conselho de Administração da GX Investimentos, holding que congrega a Gafor, Sérgio Maggi Jr, o que ocorreu foi uma união de competência. "Temos experiência no País e na logística para a América do Sul, o que facilitará o processo de distribuição dos rótulos adesivos."
O CEO da Fedrigoni Cartiere, holding que abrange todo o Grupo Fedrigoni, Cláudio Alfonsi, explicou que se optou por construir uma fábrica nova, em área de 35 mil metros quadrados (área construída de quase 10 mil metros quadrados), em vez de assumir uma já existente, dada a alta tecnologia aplicada na planta. "Nos daria mais trabalho transformarmos uma empresa nos moldes antigos em outra de última geração." O abertura da unidade gerou 50 empregos e há espaço para expansão das atividades no local.
Alfonsi afirmou que faz parte da filosofia da empresa atuar com foco na sustentabilidade. Um dessas preocupações está na fato de a empresa usar somente adesivos à base de água, sem solventes. O CEO da Fedrigoni disse que o retorno do investimento neste setor é interessante e rápido. "Ele normalmente volta quadruplicado e em apenas um ano", frisou Alfonsi.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ