Wanke monta novo parque industrial

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Estratégia: Fabricante de tanquinhos vai adotar modelo Toyota de gestão para reduzir custos e melhorar eficiência


 
Bisneto dos fundadores da Wanke, empresa que hoje comanda, Eduardo Wanke está investindo R$ 10 milhões em uma nova sede para a tradicional fabricante de tanquinhos e máquinas de lavar, criada por imigrante alemães há 91 anos em Santa Catarina.

 

Com dificuldades de expansão por estar localizada no centro da cidade de Indaial, município vizinho a Blumenau, a Wanke vai para uma nova sede às margens da rodovia BR-470, mantendo-se na mesma cidade, mas em busca de mais eficiência. Eduardo explica que a mudança vai proporcionar, por exemplo, melhora no lay-out da empresa, permitindo a introdução da produção enxuta, também chamado de modelo Toyota de fabricação e conhecido como "lean manufacturing", com o qual controla a produção em células e reduz desperdícios.

 

Além disso, ele acredita que a mudança irá melhorar a relação da empresa com os clientes. Hoje, os treminhões usados para transportar mercadorias na Wanke têm dificuldades de manobras no centro do município, pelas ruas mais estreitas, já que a cidade praticamente cresceu no entorno da indústria, mais antiga que a própria fundação de Indaial.

 

"Hoje, temos toda a produção dentro de 10 prédios, um anexo ao outro, e possuímos muita movimentação de peças, um custo elevado para controle de material e para a própria produção", explica Eduardo. Ele acredita que terá, pelo menos, 10% de ganho de eficiência nas novas instalações.

 

Mais do que uma simples mudança de instalação, a nova sede da Wanke representa o início de um dos planos mais ambiciosos da empresa. "Até 2009, nosso objetivo era fortificar a presença no Sul. Mas agora estamos indo para a segunda etapa, que é a chegada ao Sudeste, em pequenos varejistas, e pretendemos ir ao Nordeste."

 

A nova fábrica já vai permitir os primeiros passos rumo ao Nordeste. Será fabricado na unidade um tanquinho específico para os consumidores da classe D dessa região. Será mais barato do que os tanquinhos produzidos hoje pela empresa, na faixa de R$ 190 para o consumidor final, e com funções principalmente de economia de água e energia. "Existe um grande mercado fora da região Sul. Há o bolsa-família ajudando na renda do Nordeste, existe um volume significativo de recursos da indústria petrolífera indo para a região e no sertão nordestino tem mais casas com energia elétrica do que havia no passado."

 

A empresa não estudou sair de Indaial porque "a família nasceu lá" e existe uma relação com a cidade. Mas o presidente da empresa explica que tem refletido sobre a possibilidade de no futuro ter também uma produção no Nordeste.

 

Com 12 mil metros quadrados de área útil contra 11 mil metros da construção anterior, a empresa tem planos de triplicar a sua produção em até 4 anos. Atualmente, são 210 mil máquinas agitadoras e tanquinhos por ano e um faturamento anual de aproximadamente R$ 50 milhões.

 

Com 200 funcionários, a Wanke ficou conhecida no Sul pela fabricação de tanquinhos de madeira, cuja produção se iniciou há 40 anos. Hoje, a empresa ainda faz esses itens, mas há alguns anos ampliou o leque de produção para máquinas agitadoras e outros tanquinhos de plásticos, todos produtos voltados à classe de renda mais baixa. A empresa agora prepara a entrada no ramo de fogões, programada já para o próximo mês.

 

A nova sede, juntamente com os planos de expansão, ocorrem pouco mais de um ano de a empresa ter contratado a Fundação Dom Cabral, de Minas Gerais, para auxiliá-la no planejamento estratégico de longo prazo. "Há 10 anos não tínhamos planejamento algum, mas agora sabemos para onde queremos ir", ressalta Eduardo, que assumiu a companhia desde então, depois de ter sido por alguns anos diretor-superintendente.

 

Sobre a concorrência no setor, hoje dominado por multinacionais, Eduardo diz que a Wanke sempre tentou fugir da briga direta pelo mesmo mercado, justamente atuando focada em uma classe de renda mais baixa. "Mas hoje são eles que estão procurando essa faixa de renda", explica. "É um mercado competitivo, mas desde que se jogue limpo, seguindo as mesmas regras, não vejo problemas. Estamos conseguindo ter bons resultados", diz.

 

Dentre os concorrentes da Wanke no segmento dos tanquinhos estão empresas de médio porte do Sul, como é a Mueller, localizada em Timbó (SC), que desde os anos 50 faz esse tipo de produto, além de Latina e Colormaq, sediadas em São Paulo, cuja fabricação teve início nos anos 90 e anos 80, respectivamente. Em 2006, foi a vez do grupo Whirlpool, com fábrica em Joinville (SC), voltar a atuar neste nicho, a partir da sua marca Consul. A Arno, controlada pelo grupo francês SEB, e a Suggar também fabricam tanquinhos.

 

Em 2009, o crescimento da empresa será de 26% em relação a 2008, impulsionada pela política de redução de IPI para linha branca, promovida pelo governo federal, que reduziu os efeitos da crise econômica mundial sobre o setor.
 


Veículo: Valor Econômico


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