Publicidade de alimentos para crianças será regulamentada

Leia em 2min 40s

A regulamentação da publicidade de alimentos e bebidas no Brasil, principalmente os destinados ao público infantil, pode sair no próximo semestre. A proposta em estudo abrange a publicidade de alimentos ricos em gordura, gordura trans, açúcar e sódio.
“A previsão é que se faça uma audiência pública agora no segundo semestre e depois disso, seja publicada a regulamentação”, disse Ana Paula Dutra Massera, chefe da unidade de monitoramento e fiscalização de propaganda e publicidade da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

 

A agência está analisando mais de 250 sugestões recebidas durante os 140 dias em que a norma  foi submetida à consulta pública (nº 71/06). As contribuições serão sistematizadas, reapresentadas na audiência pública prevista para o segundo semestre e, posteriormente, encaminhadas para a diretoria colegiada da agência.

 

Entre as medidas em estudo, segundo Ana Paula, estão a proibição da propaganda em escolas e materiais escolares e do uso de personagens conhecidos do universo infantil na publicidade. Também está sendo avaliada a veiculação de frases de advertência, alertando sobre os riscos envolvidos no consumo do produtos.
“A propaganda é uma das pontas de um tripé que está contribuindo para o aumento da obesidade e da alimentação inadequada”, disse ela à Agência Brasil, após participar de uma mesa redonda em São Paulo para discutir a publicidade de alimentos dirigida ao público infantil.

 

A proposta de regulamentação não é bem aceita pelas associações publicitárias. Para Rafael Sampaio, vice-presidente da Associação Brasileira de Anunciantes (ABA), regulamentar a publicidade de alimentos e bebidas destinados às crianças, no Brasil, vai “engessar e impedir a criatividade” do meio publicitário.
“Somos contra qualquer tipo de regulamentação oficial, principalmente as não previstas na Constituição. Acreditamos firmemente na auto-regulação que consideramos um processo mais adequado”, disse ele.

 

Sampaio admite que de fato ocorre uma associação entre a publicidade e a obesidade infantil, mas defende que a relação entre ambas não significativa.
“Se a gente pensar num conjunto de fatores que contribua [para a obesidade], a propaganda talvez seja numa escala de relevância, uma das menos importantes”. Para ele, um dos maiores problemas envolvidos no pr está na falta de consciência das pessoas.

 

Para o nutrólogo e professor de pediatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), José Augusto Taddei, no entanto, a relação entre obesidade infantil e publicidade de alimentos “é muito clara”.
“Existem trabalhos pontuais que demonstram, por exemplo, que uma em cada três crianças de seis meses come macarrão instantâneo. É um alimento que está pronto para consumo, mas é um macarrão frito, cheio de gordura. Uma criança que começa com seis meses de idade a se alimentar assim, provavelmente vai ter doença cardiovascular mais precocemente”, disse ele.

 

De acordo com o professor, não é proibido comer esse tipo de alimento, mas os excessos devem ser excessos. “Tudo pode ser comido. O que não se pode é trocar a alimentação tradicional e saudável por um hábito alimentar que faz mal à saúde”, afirmou.

 

Veículo: Agência Brasil


Veja também

Fisco deve receber informações eletrônicas

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou recurso da Associação Cearense de Supermercados (Acesu) ...

Veja mais
Bancas criam associação de recuperação judicial

Escritórios de advocacia que atuam na área do direito empresarial se uniram para trocar conhecimentos e pr...

Veja mais
Assembleia vota hoje reforma do TIT

A polêmica reforma do Tribunal de Impostos e Taxas (TIT) - corte administrativa que julga autuações ...

Veja mais
Alíquota zero também garante direito a crédito

Uma decisão da Justiça Federal de Brasília pode abrir um precedente importante para que empresas ga...

Veja mais
Apoio de órgão externo pode acelerar a reforma tributária

Em meio à disputa política em torno da votação da reforma tributária, a Organiza&cced...

Veja mais
Dívidas do passado preocupam empresas em recuperação judicial

Enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) não decide em qual Justiça - trabalhista ou de recuperaç&...

Veja mais
Nota fiscal eletrônica pede cautela

A Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) representa o início de um novo período das transações ...

Veja mais
Empresas terão de declarar incentivos

Até o fim deste mês, as empresas do Estado do Rio que usaram de incentivos fiscais do governo terão ...

Veja mais
MP 449 permite redução de multa, mas impõe exceções

Em dezembro do ano passado, a Receita Federal do Brasil publicou a Medida Provisória (MP) 449, que entre outras c...

Veja mais