Apesar da perda de espaço para feiras e mercados de bairros, seg- mento esboça viés de alta, avalia a Fecomercio/AM
Emprego cresceu, apesar da retração de 29,04% nas vendas
Considerado como termômetro do varejo local, as redes de supermercados atuantes no Amazonas fecharam com alta de 27,18% no ritmo de contratações formais, apesar de terem encerrado 2009 com forte queda de 29,04% no acumulado na comparação com o ano anterior. O resultado foi apontado em estudo feito pela Fecomercio (Federação do Comércio do Estado do Amazonas) simultâneo ao resultado da Abras (Associação Brasileira de Supermercados).
No entendimento do economista-chefe da Fecomercio, José Fernando Silva, o consumidor local seguiu à risca práticas comuns em tempos de instabilidade econômica, como retenção do dinheiro, redução da aquisição de supérfluos e antecipação das compras em períodos sazonais. O especialista asseverou ainda que o setor supermercadista perdeu espaço em 2009 para as feiras e mercados de bairros, onde os preços praticados geralmente são abaixo da média. "Apesar dessa retração, notamos que há um viés de alta para este ano em relação ao comportamento histórico do mercado local. Não queremos arriscar números. É esperar para ver", avaliou.
Por outro lado, de acordo com os números da Abras, o faturamento bruto dos supermercados locais subiu 8,56% em janeiro contra igual período do ano passado, indicando que a previsão do setor para 2010 será atingida, pelo menos no Amazonas, onde a instituição estima aumento de 9% nas vendas totais em 2010. Se confirmado, o desempenho repetirá o visto em 2008. No ano passado, de acordo com a instituição, o setor contabilizou um crescimento de 5,5% nas vendas.
Em entrevista ao Jornal do Commercio, o presidente da Abras, Sussumu Honda, afirmou que o resultado de janeiro costuma servir de vetor para o desempenho das vendas ao longo do ano. A partir disso, segundo o executivo, as vendas em fevereiro também devem avançar o mesmo patamar do primeiro mês do ano. "Ao contrário do que aconteceu em 2008, quando o faturamento cresceu isolado em função do aumento dos preços, neste ano esperamos vendas e volume crescendo simultaneamente", disse.
Desempenho adverso
O desempenho observado no Amazonas é adverso à média nacional observada pela Abras, na qual em relação a dezembro do ano passado, as vendas dos supermercados no país em janeiro recuaram 21,74%. "Ainda assim, a queda em relação a dezembro é considerada normal, por ocasião das festas de fim de ano", considerou Honda.
O clima de otimismo entre os empresários do setor está de fato instaurado. Pelo menos é o que apontou um levantamento da FGV (Fundação Getúlio Vargas), que prevê para 2010, o maior crescimento de faturamento dos últimos cinco anos da indústria de alimentos e bebidas. De acordo com a pesquisa, a estimativa se volta para um desempenho 10,6% superior ao de 2009.
Para o diretor do departamento de economia e estatística da Abia (Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação), Denis Ribeiro, no ano passado, a indústria de alimentos sofreu com a crise financeira, embora os número finais da produção nacional tenham fechado em alta de 1,3% em relação a 2008. Segundo o economista, o resultado é razoável se compararmos com o PIB (Produto Interno Bruto) esperado de 2009, que deve encerrar o ano entre zero e 0,5%. "O fator que pode influenciar de maneira positiva no crescimento do setor é a recuperação do mercado externo. Estima-se que as vendas para o exterior em 2010 se aproximem do resultado de 2008, beirando os US$ 33.3 bilhões. Além disso, o mercado interno, que foi responsável por segurar a crise para o segmento, deve continuar sustentando o crescimento das indústrias de bebidas e alimentos", concluiu, em nota ao Jornal do Commercio.
Veículo: Jornal do Comercio - AM