Empresas arcavam com o custo da versão anterior.
Somente em 2010, a rede Carrefour comercializou 62 mil sacolas reutilizáveis
A proibição do uso de sacolas plásticas no comércio varejista de Belo Horizonte (Lei Municipal nº 9.529), que entrou em vigor a partir de 1º de março, tem gerado polêmica. Mesmo assim, grandes redes supermercadistas com atuação na Capital, que têm 45 dias para se adequar, já se mobilizaram para atender a determinação.
A Lei Municipal nº 9.529, de autoria do vereador petista Arnaldo Godoy, foi aprovada por unanimidade em 2008 e, até então, funcionava em caráter facultativo. Neste período, empresários do segmento de supermercados promoveram ações internas e de estímulo ao debate de atitudes sustentáveis.
De acordo com Marcos Kayser, diretor de Marketing da rede mineira de supermercados Super Nosso, com 12 lojas na Capital, antes mesmo da publicação da nova lei o grupo já estava voltado para o desenvolvimento de ações de sustentabilidade. "Criamos a nossa rede ecológica com três grandes lojas pensadas de forma a diminuir o máximo possível a degradação ambiental. As lojas privilegiam a iluminação natural, realizam coleta seletiva de lixo e do óleo de cozinha para ser reaproveitado", disse.
Segundo Kayser, entre as ações concretas adotadas pela rede ainda estão a oferta aos clientes de sacolas retornáveis de juta e algodão e a reutilização de caixas de papelão - que iriam para o lixo do supermercado - como opção de embalagem para as compras. Ele disse que estas ações podem ser consideradas estratégicas, uma vez que este tipo de iniciativa atrai um público diferenciado, preocupado em promover ações ambientais relevantes.
Multa - Kayser estima que, com a nova lei, as 12 lojas Super Nosso deixarão de colocar no mercado 3 milhões de sacolas plásticas por mês. A opção será o consumidor comprar uma sacola "compostável", feita de amido de milho, que custará R$ 0,19 cada uma; levar a própria bolsa ou sacola; ou adquirir uma retornável, na loja, que deverá ser vendida por R$ 1,98 a unidade. A lei municipal prevê punições aos estabelecimentos infratores, com multas de R$ 1 mil e R$ 2 mil ou até a perda do alvará de funcionamento.
As sacolas utilizadas atualmente são chamadas de oxidegradáveis. Elas são produzidas a partir do petróleo, com aditivos oxidantes que deixam resíduos prejudiciais ao homem e ao meio ambiente. Cada unidade custa, em média, R$ 0,02 e os supermercados arcam com o custo.
Com quatro hipermercados Carrefour e 17 lojas Carrefour Bairro, a rede francesa de supermercados estima que deixará de distribuir mais de 720 milhões de sacolas plásticas por ano em Belo Horizonte.
Conforme o diretor de Sustentabilidade da rede Carrefour no Brasil, Paulo Pianez, o pioneirismo da ação tomada em Belo Horizonte reforça o posicionamento da empresa de eliminar, até 2014, as sacolinhas plásticas de todas as lojas da rede no país.
"Na capital mineira já realizamos ações voltadas à promoção do consumo consciente e sensibilização da população. Só em 2010, comercializamos 62 mil sacolas reutilizáveis. A eliminação das sacolas plásticas tradicionais é uma ação decisiva do Carrefour na defesa e preservação do meio ambiente em uma questão diretamente ligada ao negócio do grupo", afirmou.
Pianez disse que entre os diversos países em que o Carrefour atua alguns já se tornaram adeptos deste projeto. São eles: França, Espanha, Bélgica, Itália, Alemanha, China e Polônia. No Brasil, o projeto já está em vigor nas lojas de Piracicaba e Jundiaí.
Recentemente, no lançamento da campanha educativa "Sacolas Plásticas Nunca Mais", que prevê ações de marketing e distribuição de panfletos instrutivos sobre o tema, o prefeito da Capital, Márcio Lacerda, disse que a prefeitura está empenhada nesta iniciativa e que Belo Horizonte se orgulha de ser a primeira capital brasileira a adotar esta medida. De acordo com o prefeito, o Poder Executivo fiscalizará os comerciantes varejistas. Para isso serão utilizados os fiscais da área de posturas urbanas.
Segundo estimativa da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o Brasil consome, a cada ano, cerca de 12 bilhões de sacolas plásticas tradicionais. Na avaliação da presidente do Movimento das Donas de Casa de Minas Gerais (MDC-MG), Lúcia Pacífico, a proibição do uso de sacolas plásticas em Belo Horizonte traz resultados positivos no que se refere à mudança de postura dos consumidores e dos estabelecimentos que utilizam o produto. Para ela, o cliente, no convívio diário com o uso inconseqüente e desenfreado de sacolas plásticas, acaba, de certa forma, adotando os mesmos hábitos e deixando de cuidar da própria responsabilidade.
Veículo: Diário do Comércio - MG