As vendas reais nos supermercados brasileiros aumentaram 5,53% em setembro, comparado ao mesmo mês do ano passado. Com relação ao mês anterior houve queda de 5,63%. No acumulado do ano a elevação foi de 8,93%.
Os dados são do Índice Nacional de Vendas divulgado mensalmente pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Em valores nominais o índice registrou crescimento de 12,13% com relação a setembro de 2007. Quando comparado com o mês anterior foi registrada queda de 5,39% e o acumulado dos nove meses do ano alcançou 14,92%.
Segundo o presidente da Abras, Sussumu Honda, até setembro a crise internacional ainda não havia afetado o consumidor e a queda se deve ao fato de que o mês de setembro é tipicamente um período no qual há queda nas vendas. De acordo com ele, na primeira quinzena de outubro, que abrange o dia das crianças, o setor não sentiu efeitos da crise e registrou vendas dentro das previsões. Entretanto, Sussumu acredita que esses efeitos podem começar a ser sentidos a partir da segunda quinzena de outubro.
“Eu não diria nas áreas de alimentação que é o forte dos supermercados, porque os preços recuaram um pouco, mas no setor de hipermercados, já se começa a sentir os reflexos, porque todos os indicadores já apontam para a queda de alguns números de pedidos de crédito, de consultas sobre cheques na área de vendas. Esse decréscimo é sintomático”, disse.
A queda deve começar a aparecer a partir dos produtos de valor agregado que dependem da oferta de crédito, que é um dos indutores do aumento do consumo das famílias, além do aumento de renda, massa salarial e do índice de confiança do consumidor. “Isso é o que tem sustentado o consumo. O consumidor confiante consome mais. Quando tem uma expectativa melhor ele se endivida ou compra a prazo”. Porém Sussumu ressaltou que o que se nota agora é que a oferta de crédito está mais seletiva e o índice de confiança em termos de expectativa caiu por conta das notícias sobre a crise e uma possível recessão.
Sussumo destacou ainda que os impactos da crise devem ser vistos primeiro nos produtos importados, como bebidas, azeite, frutas típicas do final do ano, azeitonas, eletroportáteis e brinquedos, por conta da variação do dólar. “Fica difícil para o setor atacadista fechar o câmbio com o dólar subindo 10% em um dia, caindo no outro. E temos muitas empresas supermercadistas que fazem a importação direta”. Ele explicou que a dificuldade acontece porque o preço é fechado ao se fazer o pedido, mas é pago conforme a cotação da moeda no dia da entrega.
Mesmo avaliando que é cedo para fazer previsões dos impactos da crise internacional, Sussumu acredita que hipermercados que tem uma gama diversificada de produtos podem ter queda nas vendas das bebidas, produtos têxteis, tênis. “O dólar tem sido âncora para a inflação. Se tem seu valor puxado para cima, fica difícil prever o que acontecerá”. Para ele, por ser essa uma crise de confiança, é preciso de transparência das informações para que essa confiança volte ao mercado.
Segundo Sussumu, a previsão para o setor continua em um crescimento de 8% e os últimos dois meses do ano, mesmo que tenham queda não devem puxar esse índice para baixo, porque a alta de todo o ano segura esse número. “Em dezembro deve haver crescimento de 10% com relação ao mesmo mês do ano passado”. Ele reforçou ainda que não haverá falta de produtos para o final do ano.
Veículo: Jornal Indústria & Comércio - PR