No acumulado dos oito primeiros meses, as vendas do setor somam aumento de 4,27% em relação ao mesmo período de 2010. Bebidas alcóolicas, chocolates e sucos de frutas prontos puxaram o crescimento. A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) projeta manutenção da taxa de crescimento, com incremento de vendas em torno de 4% em termos reais para 2011
As mudanças do perfil do consumidor e do tamanho das famílias, assim como a maior frequência de idas a supermercado para compras de volume menor devem impulsionar as vendas nos formatos de lojas de "bairro" ou de "vizinhança", tendência que se seguirá pelos próximos anos. Prova disso é o destaque do crescimento de lojas de formato menor - de 1 a 4 caixas registradoras (check outs) -, que registram alta de 3,8%, seguidas das de 5 a 9 check-outs (2,5%). As informações foram levantadas em um estudo apontado na pesquisa "Indicadores do Autosserviço", divulgada ontem pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
Já as unidades de formato maior (mais de 20 caixas) permaneceram estáveis, com 1,7% de crescimento, mesmo valor obtido em igual período do ano passado. Além disso, a Abras divulgou ontem que as vendas reais nos supermercados cresceram 3,91% em agosto na comparação com o mesmo mês do ano passado. Em relação a julho deste ano, o faturamento dos supermercados caiu 2,20%.
Nos primeiros oito meses do ano, as vendas subiram 4,27% em relação ao mesmo período de 2010. Os números estão deflacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Segundo a Abras, o mercado interno ainda não sentiu os efeitos da crise global. "A desaceleração das vendas em volume nos supermercados brasileiros nesses oito meses em relação ao ano passado deve-se pelo largo consumo verificado em 2010, com destaque para bebidas alcoólicas, produto que teve consumo impulsionado não somente pelo ganho de poder aquisitivo das classes mais baixas, mas também pela Copa do Mundo", diz o superintendente da Abras, Tiaraju Pires.
Para o especialista, apesar do temor dos possíveis impactos da crise econômica internacional, o setor continua crescendo de forma consistente. "Movido principalmente pelo baixo nível de desemprego, aumento da renda média e consequente elevação da massa salarial. Acreditamos que os supermercados deverão manter essa trajetória e encerrar o ano como crescimento em torno de 4% em termos reais", diz o superintendente da Abras.
De acordo com a pesquisa da Abras, o mercado interno não sentiu a crise global. Paralelo a isso, o índice de desemprego em, agosto ficou em 6,0% estável frente a julho, mas recuou em relação ao mesmo mês do ano passado (quando era de 6,7%, o que deve servir como fator de estabilidade do setor no próximo ano.
Em relação às regiões do País, todas apresentaram aumento em suas cestas de alimentos no mês de agosto, em relação ao mês anterior. O maior índice ficou com a região Centro-Oeste (alta de 3.09%), seguida do Sudeste (2,43%), Norte (2,40%), Nordeste (1,60%) e Sul (1,29%). 20:00
Preços
Segundo o levantamento realizado pela Nielsen, a pedido da Abras, o volume das vendas nos supermercados brasileiros teve alta de 2,5% de janeiro até agosto em comparação ao mesmo período do ano passado. Essa expansão foi puxada pela alta de 7,2% da cesta de bebidas alcoólicas e de 5,2% de perecíveis. O valor da cesta AbrasMercado, formada por 35 produtos considerados de largo consumo, como alimentos, limpeza e beleza, medido pela GfK, apresentou alta de 2,14% nos preços em agosto ante julho, para R$ 302,32. Já na comparação com agosto de 2010 o valor da cesta subiu 11,58%.
Os produtos com maiores altas em agosto frente julho foram tomate (7,09%), carne traseiro (6,50%) e frango congelado (4,50%). Já as maiores quedas no período ficaram com cebola (-11,56%), batata (-11,04%) e farinha de mandioca. Vinho (34,5%), chocolate (13,1%), cerveja (4,3%) e suco de frutas prontos (18,6%) foram as categorias que mais contribuíram com o crescimento de 2011, enquanto óleo e azeite (-7,2%), arroz (-5,1%) , café em pó em grãos (-4,0%) e sabão em barra (-12,9%) frearam a evolução.
Migração
No caso do sabão em barra, possivelmente. o que pode ter havido é a migração para produtos de maior valor agregado, como as versões em pó e líquida. Para o final do ano, o superintendente da Abras acredita que "a elevação do dólar não deverá impactar o setor de importados a ponto de diminuir o consumo".
O que pode haver é a substituição por opções mais atrativas, capazes de competir com os preços atuais. O executivo observou ainda que os patamares menores projetados para a inflação - abaixo do esperado para 2012 - mostram que o setor terá fôlego para seguir estável no próximo ano.
O superintendente disse acreditar ainda que o recente aumento do nível de endividamento do consumidor também não deve afetar as vendas deste Natal.
Enquanto o Carrefour anunciou o fechamento de oito lojas de bairro, estando quatro delas localizadas em cidades do interior paulista, como Ribeirão Preto, Jaboticabal, Monte Alto e Matão, o Grupo Pão de Açúcar (GPA) planeja abrir 20 lojas Assai por ano nos próximos três anos, segundo plano estratégico traçado pelo comando. A empresa de Abílio Diniz acaba de abrir sua primeira unidade em Sousas, Campinas, em uma área de 1300 metros quadrados. A ideia é oferecer serviços diferenciados, atendimento especializado e sortimento com 18 mil itens. A loja ocupa o espaço que antes era do Comprebem, supermercado do Grupo Pão de Açúcar que está sendo convertido em outras bandeiras da companhia. O projeto foi cuidadosamente desenhado para atender ao perfil dos moradores da região. "Nós mapeamos Sousas e identificamos no local maior potencial de compra e um perfil de consumidor que se encaixa com o posicionamento da marca."
Veículo: DCI