A desaceleração da economia obrigou grandes redes varejistas a revisar para baixo suas projeções de crescimento nos próximos três meses, conforme anunciado pelo Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV). O setor supermercadista, porém, prevê manter o ritmo acima da média do varejo, ainda que em níveis menos acelerados. "Tudo indica que 2012 será muito parecido com 2011, mesmo levando em consideração a existência de um cenário externo de recessão e de redução das importações", aponta Tiaraju Pires, superintendente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
Aumento da massa salarial de forma consistente, menor nível de desemprego nos últimos anos e aumento do salário real, em conjunção com a maior participação da classe C e entrada de novos consumidores das classes D e E são alguns fatores que explicam o bom desempenho das vendas nos supermercados brasileiros, puxados especialmente, pelos gêneros alimentícios. De acordo com Tiaraju, o setor também deve permanecer apostando nos modelos de lojas de proximidades, que inclui as unidades de 1 a 9 check outs, tendência que se verificará pelos próximos anos, estimulada pelo cenário de inflação mais baixa, praticidade e mudanças do perfil do consumidor .
Há, ainda, na opinião do dirigente, a propensão a continuar se investindo na diversificação dos produtos e na oferta de alimentos semi-prontos, em embalagens mais compactos. Para o executivo, a expansão de cenário de fusões e aquisições, observado nos últimos tempos no setor, dependerá de situações puramente de mercado. "Não dá para prever nada. Precisa haver convergência para que esse tipo de operação se efetue em algumas capitais. O que pode haver é uma expansão orgânica a das grandes redes fora do eixo Sul-Sudeste. Mas é fato que por conhecer melhor o perfil do consumidor em cada região, as redes regionais levam algumas vantagens competitivas", justificou.
Os dados do IDV foram divulgados com base em informações coletadas em 35 das principais empresas instaladas no País, como Pão de Açúcar, Walmart, Magazine Luiza, Lojas Renner, Riachuelo, C&A, Pernambucanas, Livraria Cultura, Drogasil, Droga Raia e Leroy Merlin. Para o mês de setembro, a estimativa das vendas divulgada ontem aponta alta de 4,8% do faturamento das redes, frente a 6,5% estimados há um mês. Em relação às projeções para outubro, os associados do IDV preveem agora vendas 4,7% superiores, enquanto há um mês estimavam aumento de 6,8%. Para novembro, o instituto informou ontem que a previsão é de vendas 5,6% maiores. Todas as comparações são em relação aos respectivos desempenhos no mesmo mês de 2010.
O IDV afirmou que a revisão confirmou a expectativa de arrefecimento da atividade econômica. "Este é o quadro projetado pelos associados do IDV, após uma desaceleração da atividade varejista, em virtude de sinais de instabilidade na economia internacional." Em relação ao mercado interno, o instituto acrescentou que a inflação ainda se encontra "em patamares acima do desejado", completou o comunicado.
Segmentos
As projeções para o crescimento das vendas do segmento de bens não duráveis puxaram a redução das estimativas das principais redes para os próximos meses. Segundo o IDV, o faturamento das vendas de bens não duráveis deve crescer entre 1% e 2% nos meses de setembro, outubro e novembro em comparação aos mesmos meses do ano passado. Há um mês, as projeções apontavam aumento entre 4% e 5%.
Para o segmento de bens semiduráveis, as projeções das varejistas apontam alta entre 4% e 11% em setembro, outubro e novembro. Há um mês, as estimativas eram de vendas entre 7% e 11% maiores em relação a iguais períodos de 2010. O varejo de bens duráveis projeta alta entre 7% e 10% para os meses de setembro, outubro e novembro em comparação aos mesmos meses de 2010. Na divulgação do mês passado, o IDV estimava alta das vendas na faixa de 10%.
Supermercados
Gradualmente, há ainda mudanças significativas na distribuição econômica do setor de supermercados, por região do País, apontou levantamento realizado no início do ano pela Abras.
A pesquisa, realizada com 679 empresas, mostrou que embora a Região Sudeste permaneça com o faturamento mais robusto do setor (54,1%) -o equivalente a R$ 81,3 bilhões- e com o maior número de lojas, as Regiões Norte e Nordeste ganham cada vez mais peso em representatividade -salto de 15,8% no ranking do ano passado para 19,7%, este ano- com faturamento de R$ 29,7 bilhões em vendas, acima da Região Sul, responsável por 19,3%. A Região Centro-Oeste é outra que surpreendeu, ampliando sua participação de 4,6% do faturamento na pesquisa anterior para 6,9% (R$ 10,4 bilhões).
Veículo: DCI