Produtos mais caros já lideram oferta nas prateleiras das lojas

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Diante do reposicionamento das classes C e D, que chegam com maior poder de compra ao mercado, além do aumento da representatividade da classe A 1 - que possui renda média mensal superior a R$ 9,7 mil por pessoa - no consumo brasileiro, que passou de 3,2% a 3,8% segundo a última pesquisa feita pelo IPC, produtos high price (de maior valor agregado) veem as vendas crescerem substancialmente nos últimos anos. De acordo com levantamento auditado pela consultoria Nielsen, dos mais de 19 mil produtos lançados no ano de 2011, 50% se posicionavam acima de 10% mais caros em comparação com a média da categoria.

Para Fábio Gomes, gerente de Atendimento ao Varejo da Nielsen, a procura por produtos high price devem apontar tendência nos próximos anos. "Temos visto que a classe C começa a procurar por produtos de melhor qualidade e já pode pagar um pouco mais por esses produtos", afirma ao DCI. Dentre as marcas líderes de vendas em redes supermercadistas no último ano, como Nestlé, Cargill e Unilever, 44% dos produtos têm preço mais alto.

O índice cresceu 4 pontos percentuais em 2011 ante o ano de 2010, quando os produtos high price correspondiam a 40% dos produtos. Ainda de acordo com a Nielsen, com o avanço dos produtos de maior valor agregado, os de preço médio recuaram de 40 a 39% e os de preço baixo de 19 a 17%. No último anos, as marcas líderes de vendas representaram cerca de 28% das vendas dentro dos supermercados.

O presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Sussumu Honda, acredita na tendência voltada ao aumento de renda. "O consumo desses produtos cresceu muito em 2011 e deve avançar em ritmo mais lento nos próximos anos, mas vai continuar."

O executivo exemplifica a tendência com a experiência prática do Ovomaltine - achocolatado que faz frente a marcas como Toddy e Nescau, com custo entre 20 e 30% maior. "Conversando com o fornecedor, ele comentou que a demanda é tão grande que não dá para suprir. As varejistas querem mais", conta Honda.

Também no segmento de bebidas, produtos como café em cápsula e cervejas premium têm impulsionado as vendas das supermercadistas. Na rede Pão de Açúcar, a categoria de cervejas especiais cresce, em média, 90% ao ano nas lojas da bandeira, segundo Robson Grespan, comprador comercial. "O brasileiro tem procurado cada vez mais se aventurar no universo premium, e vem buscando marcas novas, além de uma maior variedade de estilos e opção", comenta o executivo. Nas lojas, o consumidor já tem acesso a cerca de 120 rótulos, entre marcas nacionais e importadas.

Gomes indica que outra aposta dos varejistas são produtos saudáveis e também os práticos. Inversamente à retração das vendas de commodities, como arroz e feijão, pães integrais representam 42,5% das vendas de pão de forma, um crescimento de 2,1 pontos percentuais ante 2010. Além disso, as vendas de massas refrigeradas aumentaram 10,8% enquanto as massas secas cresceram 7%.

Vendas

O indicador da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) que mede vendas a prazo caiu 12,5% em fevereiro ante janeiro e 1,1% ante fevereiro de 2011. Conforme apuração da entidade, no acumulado deste ano, o indicador acumula uma alta de 0,9%. Houve recuo também no Indicador de Movimento de Cheques (SCPC / Cheque), que mede as vendas à vista. A queda foi de 10,2% em fevereiro ante janeiro e de 2,1% na comparação com fevereiro de 2011. O indicador acumula alta de 2,2% em 2012, até fevereiro.

De acordo com a Associação Comercial, que utiliza dados da empresa Boa Vista Serviços - administradora do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) -, a comparação dos indicadores de fevereiro de 2012 com o mesmo mês do ano passado foi prejudicada por conta do carnaval, que em 2011 ocorreu em março e neste ano, em fevereiro.

Para a entidade, no entanto, os resultados de fevereiro de 2012 eram "esperados". "Embora os dados de fevereiro estejam prejudicados pelo efeito calendário/base de comparação, as vendas em março deverão apresentar elevação porque o Carnaval de 2011 ocorreu naquele mês", afirma a Associação Comercial de São Paulo, em nota divulgada nesta última quinta-feira.

Inadimplência

O Indicador de Registro de Inadimplentes aumentou 6,5% em fevereiro ante janeiro e teve alta de 11% contra igual período do ano passado. O Indicador de Recuperação de Crédito, que mede os registros cancelados ou renegociados, apresentou alta de 6,8% e de 9,6%, respectivamente, na mesma base de comparação. "A inadimplência sofreu uma leve alta, mas que não chega a preocupar, pois tem um caráter mais sazonal, acompanhando a ligeira alta no desemprego que também tem caráter sazonal".




Veículo: DCI


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