A principal função das embalagens é proteger os produtos. E o maior uso de tecnologia permite que elas desempenhem esse papel de forma ainda mais eficiente. As chamadas “embalagens inteligentes” já são usadas comercialmente no exterior.
É o caso, principalmente,de embalagens que têm interação com alimentos, explica Aparecido Borghi, professor do núcleo de estudos de embalagem da ESPM. “Existem embalagens que podem prolongar a vida de frutas. Elas liberam um gás que, ao entrar em contato com a embalagem, produz uma reação que retarda o amadurecimento”.
O especialista observa que a tecnologia é cada vez mais usada em embalagens, mas ressalta que ela só faz sentido quando o consumidor percebe valor nela. “Muitas vezes fazemos uma inovação sensacional, mas o consumidor não percebe valor e, se ele não percebe, a chance de sucesso é menor”.
“País da fartura”
Segundo Borghi, embora o Brasil se equipare a qualquer centro desenvolvido em termos de embalagem, esses invólucros ainda não são populares no país devido, principalmente, a hábitos culturais de consumidores, que não estão dispostos a pagar mais por produtos com esse tipo de embalagem. “Ainda vivemos no país da fartura. É mais fácil comprar uma dúzia de bananas, comer uma e perder as outras do que pagar 40 centavos a mais para comprar uma dúzia de bananas com uma embalagem desse tipo. O consumidor vai questionar por que deve pagar mais caro”, avalia.
E o uso de embalagens inteligentes depende também do próprio amadurecimento do mercado. “As pessoas que estão entrando no mercado estão consumindo o básico e, se a empresa começar a nutrir essa necessidade, já tem trabalho por bastante tempo. Ao mesmo tempo, em alguns nichos, algumas marcas já conseguem lançar alguma coisa mais sofisticada”, pondera.
Ainda em laboratório, o professor conta que está em estudo um tipo de selo para uso em produtos sensíveis a variações de temperatura. “Quando ocorre uma variação acima do aceitável, o selo muda de cor e mostra que o produto saiu das condições ideais de acondicionamento”,conta Borghi.
O que deve ganhar cada vez mais adeptos é o uso de QR code, uma espécie de código impresso em embalagens que permite às marcas interagir com consumidores. É o caso, por exemplo, de embalagens promocionais desenvolvidas pela Danone para o carnaval. O consumidor devia baixar um aplicativo da Danone para seu smartphone e, quando apontasse o aparelho para a embalagem, veria um casal de mestre-sala e porta bandeira sambando.
Veículo: Brasil Econômico