Novas listas de preços de margarina, maionese, óleo de soja já chegaram aos supermercados e vão afetar o consumidor
Os supermercados já começaram a receber listas com aumentos de preços entre 2% e 7% dos fabricantes de óleo de soja, margarina, maionese, farinhas, massas e produtos panificados. Os aumentos de preços refletem a elevação das cotações dos grãos como soja, milho e trigo no mercado internacional por causa da seca nos Estados Unidos, que reduziu a produção.
Segundo o presidente da Associação Brasileira da Supermercados (Abras), Sussumu Honda, os preços reajustados devem chegar ao consumidor ao longo deste mês, mas de forma gradual. Como exemplo ele cita o caso do óleo de soja. Pelas pressões de custo, o preço da lata ao consumidor já deveria estar acima R$ 3. "Ninguém que vender uma lata de óleo de soja com preço superior a R$ 3. É uma barreira psicológica, pois a lata de óleo de soja nunca superou essa marca", diz o presidente da Abras, ressaltando que a concorrência entre os supermercados é grande.
Depois dos óleos e das margarinas, derivados dos grãos, o presidente da Abras alerta que outros segmentos podem ter seus preços majorados por causa da alta das commodities, como, por exemplo as aves. No caso dos suínos, ele não acredita numa elevação de preço porque sobra produto no mercado.
Fim da imunidade. Depois de um longo período imune à crise, Honda diz que o ritmo de crescimento de vendas dos supermercados perdeu força em junho e que o resultado do mês indica que o setor começa a ser afetado. Em junho, o faturamento dos supermercados caiu 5,47% ante maio, descontada a inflação.
Apesar de maio ser um mês com mais dias úteis do que junho e ainda contar com o impulso de vendas por causa do Dia das Mães, o presidente da Abras observa que a queda foi muito forte. Por isso, na sua opinião, a retração espelha a desaceleração da economia. Em maio na comparação com abril, a queda real no faturamento havia sido bem menor, de 2,77%.
Mesmo em queda na comparação com mês anterior, a receita dos supermercados cresceu em junho 6,68% em relação ao mesmo período de 2011, descontada inflação. No ano, de janeiro a junho, o acréscimo real foi 6,79% ante igual período de 2011. Até maio, as vendas cresciam num ritmo ligeiramente maior, de 6,81%.
"O ritmo acelerado de crescimento de vendas começa a se esgotar porque os ganhos do salário mínimo foram absorvidos." Com os aumentos de preços "encomendados" e o elevado nível de endividamento, Honda acredita que a tendência será de desaceleração nas taxas de crescimento do faturamento.
Ele observa, no entanto, que a previsão de vendas para o ano acaba de ser revista de 3,5% para 5%. Essa revisão ocorreu por causa do excelente desempenho do setor no primeiro trimestre.
Veículo: O Estado de S.Paulo