Supermercado segue blindado em cenário de alerta a parcelamentos

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O setor supermercadista será o menos afetado se a redução dos juros levar o sistema bancário a minimizar as parcerias com o varejo, no que diz respeito à redução do número de parcelas aos clientes. Afinal, com juros mais baixos, os bancos tendem a buscar novas maneiras de incrementar o caixa, mas culturalmente os supermercadistas não costumam trabalhar com grande volume de vendas parceladas. Afora isso, o calendário só tende a ajudar: o Dia da Criança e o Natal devem fazer a festa das redes, uma vez que a classe C, com maior poder aquisitivo, tende a consumir mais.

O otimismo é crescente entre redes como a mineira Super Nosso e a sulista Condor Super Center , que estimam vendas até 30% maiores neste final de ano. Segundo o gerente-comercial do Condor Super Center, João Luiz de Lima Silva, a empresa já negociou com os fornecedores os estoques para o final do ano e a expectativa é positiva. "Estamos muito otimistas com o Natal e acreditamos em um crescimento em vendas acima de 30%."

Para Rodolfo Nejm, diretor-comercial do grupo Super Nosso, o consumo tem aumentado. "O pessoal está um pouco endividado e isso talvez poderá interferir em outros setores, mas não em alimentos. Com o final do ano, a nossa expectativa é ainda maior. No ano passado fechamos entre os vinte maiores supermercadistas do País. Este ano queremos crescer entre 25% e 30%", comenta o diretor.

Com relação à questão do parcelamento, o desconforto entre players do varejo nacional é sobre um efeito contrário ao da redução dos juros. Na opinião de César Caselani, professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-Eaesp), a redução da taxa de juros no cheque especial, nos cartões de crédito e no crédito direto ao consumidor, exigida pela presidente Dilma Rousseff, impulsiona o consumo, mas haverá varejistas que serão afetados. Isso no que tange à possibilidade de parcelamento das compras, iniciativa de muitas redes para atrair o consumidor.

"Todos sabem como os bancos são os maiores financiadores do crédito ao varejo. Assim, com essa redução dos juros é possível sentir uma ruptura entre ambos. A consequência é que os varejistas terão menor 'bala na agulha' para impulsionar esse consumo", estima o especialista. Para ele, por outro lado, "o consumidor com menor prazo de pagamento fará compras menores", disse.

O especialista da FGV explicou ainda que os bancos vão procurar outros meios para continuarem com os seus lucros. O que tem assombrado o mercado é a cobrança de taxa na ordem de 5% pelos bancos aos varejistas que optarem pelo parcelamento no cartão de crédito. A intenção foi repudiada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP), que em nota oficial afirmou que a medida é "desastrosa". A entidade acredita que isso afetaria as vendas no futuro.

Mesmo que a medida futuramente possa reduzir os índices de endividamento dos consumidores, os mesmos sentirão que, ao invés de comprar quatro ou cinco produtos de maior valor agregado, eles só terão condições para um ou dois itens, no máximo, estimam especialistas do setor.

"Com o parcelamento maior, o consumidor comprava mais, mas; ao se reduzir esse prazo e aumentar-se o valor da parcela, o consumidor perde um pouco do seu poder de compra", explicou Caselani, ao que completou: "No horizonte é possível ver uma redução do faturamento das redes".

Questionado ainda se esse fato afetaria com maior relevância as vendas de final de ano, César Caselani foi enfático ao dizer que o consumidor brasileiro não vai deixar de comprar, nem pensará que os prazos podem vir a ser menores daqui para a frente. "O brasileiro não deixará de ser consumista", afirmou.

Vendas

Ainda sobre o segmento supermercadista, pesquisa mensal sobre Índice Nacional de Vendas, promovido pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) aponta que as redes tiveram incremento de 3,91% no mês de agosto, ante igual período de 2011. Na comparação mensal - julho e agosto - o incremento das vendas ficou na casa de 1,71%. Segundo Sussumu Honda, presidente da entidade, o resultado positivo é influenciado pelo aumento da massa salarial e o desemprego baixo no País. "Todos esses fatores nos fazem reiterar que o setor crescerá na casa dos 5%, índice bem acima do Produto Interno Bruto [PIB]."

No acumulado do ano, os supermercados brasileiros tiveram crescimento, em valores nominais, de 9,40% em relação ao mesmo período de 2011. A soma dos oito meses analisados pela pesquisa aponta incremento na casa de 11,22% em relação a 2011.


Veículo: DCI


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