Com relação à produção, safra deve ser de 690 milhões de quilos de uvas, a mesma de 2012.
São Paulo - A indústria nacional de vinhos está otimista com o crescimento de vendas de seus produtos para os próximos períodos. De acordo com o diretor executivo do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Carlos Raimundo Paviani, a expectativa para 2013 é de um crescimento de 20% para a comercialização, em volume, de vinhos finos (compostos de uvas de melhor qualidade), para cerca de 27 milhões de litros e alta de 6% a 7% de vinhos de mesa (mais populares).
"Neste ano a economia brasileira vai crescer mais e a ascensão social deverá continuar ocorrendo. Esses fatores impulsionarão o consumo das bebidas", disse o executivo.
Os números de 2012 ainda não foram fechados, mas se aguarda quase estabilidade nas vendas de vinhos finos ante 2011, que somaram 19,5 milhões de litros. Já para 2013 a expectativa é de que o acordo de cooperação firmado no ano passado entre o setor vitivinícola, os supermercadistas e as importadoras eleve o consumo de vinho nacional. "Se o acordo de cooperação for realmente cumprido, podemos chegar a um crescimento da categoria de vinhos finos entre 25% a 27% neste ano", ressaltou Paviani.
Com relação à produção, o Ibravin prevê uma safra igual à de 2012, quando houve uma produção de 690 milhões de quilos de uvas. "Pode ser até que haja uma quebra de 10%, em função da chuva no Sul no ano passado. Mas a qualidade será muito boa e teremos uma sanidade excepcional, já que o clima está mais seco, com mais dias de sol", explicou Paviani.
Cooperação - O acordo de cooperação foi firmado em 19 de outubro do ano passado e prevê o aumento do consumo per capita de vinhos no país de 1,9 litro (média dos últimos anos) para 2,5 litros per capita até o final de 2016, além de ampliar a venda de vinhos finos brasileiros para 40 milhões de litros no mesmo período. Na ocasião, também foi acordada a ampliação para 25% da presença de vinhos finos brasileiros nos supermercados, que hoje são responsáveis por 68% das vendas dos itens; e para 15% no comércio varejista. O acordo entre os diversos elos da cadeia fez com que o governo desistisse de impor uma salvaguarda para restringir os vinhos estrangeiros.
"Como fechamos esse acordo em outubro e os estabelecimentos já estavam com os seus estoques prontos para o final do ano, o percentual de vinhos finos nos supermercados, nesses três meses, não mudou. Mas começaremos a partir de agora, que é a época de renovação dos estoques", disse o vice-presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Márcio Milan.
Segundo ele, apesar do volume de vinhos nacionais disponíveis não ter aumentado no final do ano houve já um esforço, por parte dos estabelecimentos, de uma melhor exposição dos itens no final do ano. "Na loja do Pão de Açúcar no Real Parque (Morumbi-SP) teve itens que acabaram antes do dia 15 de dezembro", declarou Milan, que também é diretor de relações institucionais do Grupo Pão de Açúcar.
Para continuar na ampliação do consumo de vinho no País, a Abras, o Ibravin, a Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe), Associação Brasileira de Exportadores e Importadores de Bebidas (ABBA) e a União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra) lançaram na terça-feira a campanha "No Verão, vá de Vinho Branco". O objetivo é aumentar em 20% - em volume e em faturamento - o consumo desse item neste início do ano (janeiro a março). Já aderiram à campanha mais de 20 supermercados em Porto Alegre e 30 em São Paulo.
A campanha não prevê descontos, mas há uma tendência de que esse movimento seja feito. Teremos um melhor mix de produtos e mais informação para o consumidor", disse o presidente do conselho deliberativo da ABBA, Adilson Carvalhal Junior.
Tributos - Além de promover o consumo de vinhos no país, a cadeia vitivinícola trabalha com o governo - estadual e federal - para reduzir a tributação incidente no produto. Hoje, segundo Paviani, dependendo do produto, os tributos representam de 42% a 55% do preço final dos itens tanto nacionais quanto importados.
"Os vinhos mais econômicos, inclusive, são os mais penalizados, porque há, além das alíquotas, impostos de valor fixo", declarou o executivo. "Vamos trabalhar mais fortemente com as secretarias da Fazenda de nove estados, entre eles, São Paulo. Hoje, na praça paulista, a alíquota do ICMS é de 25%, sem dúvida, a maior tributação sobre vinhos do país. Cervejas e cachaças têm um percentual de 18% no Estado", completou. No âmbito federal, Paviani disse que o setor faz parte de um conselho de competitividade do agronegócio junto ao Brasil Maior e pede a redução parcial e até total de alguns tributos.
"Se tivermos a informação e os tributos certos e o preço correto, aí será mais fácil aumentar o consumo da bebida no país", disse Milan. Sobre a substituição tributária, o setor está trabalhando para que a "margem de valor agregada" seja "coerente".
"Em março, apresentaremos um estudo para a Secretaria da Fazenda de São Paulo, elaborado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), para mostrar a diferença entre o preço de saída dos itens e o valor vendido ao consumidor", antecipou o presidente da Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe), José Augusto R. Da Silva.
O setor também está criando o Fundo Nacional para Promoção do Vinho. "A ideia é que em 2013 esse fundo seja constituído para 2014 já aplicarmos esse recurso", disse Paviani, do Ibravin, sem dar mais detalhes. (AE)
Veículo: Diário do Comércio - MG (23/01/2013)