A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) projeta um aumento real em torno de 3% nas vendas em junho, na comparação com o mesmo mês do ano passado, de acordo com o gerente de economia e pesquisa da entidade, Flavio Tayra. Em maio, as vendas cresceram 4,28%, também na comparação anual, anunciou ontem a associação.
Segundo Tayra, o desempenho ficou acima da expectativa da Abras, provavelmente devido a um pouco de reposição de vendas do mês de abril - quando houve queda de 3,84%. Os índices já foram deflacionados pelo IPCA, índice oficial de inflação calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A desvalorização do real ante o dólar tem um impacto marginal no setor, segundo Tayra, já que os produtos importados representam apenas 3% do faturamento dos supermercados. O economista diz, se essa tendência cambial persistir, o impacto na cadeia de insumos dolarizados, como o trigo, pode terminar em repasse de custos ao consumidor. Mas a associação ainda analisa o tema.
Sobre os protestos que tomaram as ruas de diversas cidades do país nas últimas duas semanas, Tayra afirma que o setor não perde vendas por conta disso. O que pode ocorrer, segundo ele, é o adiantamento das compras. "Não tive relato de lojista que precisou fechar o estabelecimento", diz.
A Abras prevê que o setor registre alta de 3,5% nas vendas este ano em relação a 2012. No ano passado, os supermercados cresceram 5,3% e faturaram R$ 242,9 bilhões. O crescimento foi mais forte no primeiro semestre do ano passado, portanto a base de comparação desse período é alta. Mas crescer sobre a segunda metade do ano será mais fácil, por isso, a Abras prevê que o setor encerre 2013 com um aumento de vendas superior aos 2,17% acumulados até maio. "Com a manutenção do nível de emprego, temos uma perspectiva otimista, mas moderada, para o crescimento do setor", diz Tayra.
A cesta de 35 produtos de grande consumo que compõem o índice Abrasmercado, pesquisado pela GfK, subiu 13,61% em maio em relação a igual mês de 2012, para R$ 362,59. No acumulado do ano, a alta foi de 6,09%. Os itens com maiores altas em maio, na comparação anual, foram batata (151%), farinha de mandioca (103%) e tomate (87%). Mas, para Tayra, "o grande movimento de alta dos preços dos alimentos já passou e, a partir de agora, a tendência é de queda".
Veículo: Valor Econômico