Com o presidente Fernando Yamada como moderador, o painel Presidentes de grandes redes foi um enorme sucesso. Os presidentes do Grupo Pão de Açúcar, do Walmart, do Cencosud Brasil, passaram uma mensagem positiva, com foco na união, no fortalecimento e na melhora dos resultados do setor
O presidente da ABRAS, Fernando Yamada, abriu o painel falando da receptividade que encontrou dos três presidentes de grandes redes convidados: Enéas Pestana, do Grupo Pão de Açúcar, Silvio Pedra, do Cencosud Brasil e Guilherme Loureiro, do Walmart Brasil, (com apenas duas semanas no novo cargo) que aceitaram prontamente ao convite e ficaram animados em participar deste painel, realizado pela primeira vez na história do setor e que marca um forte momento de união de toda a classe supermercadista brasileira.
"O nosso setor evolui muito bem e este é o momento para acreditar e continuar investindo. É por isso que escolhemos esse painel final, para elevar a autoestima estratégica do setor, com três exemplos empolgantes, de empresas que acreditam na economia brasileira e investem continuamente, gerando cerca de 900 mil empregos (diretos e indiretos)", afirmou Yamada.
Desafio: união de grandes e pequenos
Silvio Pedra, do Cencosud, falou da experiência da rede supermercadista que está presente em cinco países da América Latina (Chile, Argentina, Peru, Brasil e Colômbia). "Fizemos sete aquisições aqui no Brasil, faturamos 20 bilhões em 2012, e ao adquirirmos cada empresa mantivemos a humildade de conservar o que cada uma delas tem de melhor e o que pode ser levado de uma empresa a outra, dando autonomia para cada companhia". Silvio Pedra: União do setor supermercadista para combater a venda abaixo do custo operacional
Sobre os desafios de logística e mix de produtos, Pedra, cobrou apoio e atenção da indústria para as regiões mais distantes do País. E falou da necessária união do setor supermercadista para combater a venda abaixo do custo operacional. "Temos de disputar cada cliente que passa na calçada, mas estamos aqui nesta Convenção para nos unir. Enquanto aceitarmos que a indústria nos fale que temos que vender abaixo do custo operacional vamos enfraquecer o setor e ninguém pode fazer algo sustentável vendendo abaixo do preço de custo de operação".
Pedra solicitou aos fornecedores: "não nos peçam para vender mercadoria abaixo do preço de custo operacional. Somos um segmento forte, temos bilhões investidos, geramos milhões de empregos." Aos supermercadistas disse: "vamos nos dar o respeito que merecemos porque unidos seremos muito mais forte".
No Brasil, o Cencosud atua com as bandeiras Bretas, Mercantil Rodrigues, GBarbosa, Perini e Prezunic.
Varejo: entender o negócio, o concorrente e o cliente
Guilherme Loureiro, presidente do Walmart Brasil, destacou no seu painel a necessidade de fidelização do cliente, com atitudes simples de dia a dia, que fazem a diferença. Ele disse que começou a entender melhor o varejo, quando se deu conta de quão simples ele é. "Precisamos conhecer o nosso negócio, a concorrência e cliente senão vamos transformar nosso negócio que é simples em algo complicado". Guilherme Loureiro:"Precisamos conhecer o nosso negócio, a concorrência e o cliente, senão vamos transformar nosso negócio que é simples em algo complicado"
Como dica de fidelização do cliente destacou que cada loja deve ser tratada de acordo com a realidade do consumidor, em qualquer que seja o formato. Para Loureiro, conhecer bem o cliente é oferecer o que ele deseja comprar. "Algumas lojas valorizam preço, outras qualidade, conveniência. É preciso conhecer a razão pela qual ele escolhe a sua loja e não a do concorrente. Ele prefere preço, sortimento ou serviços? Nas lojas do Walmart cada cliente é único e tem que sentir: `essa loja foi feita pra mim`", afirmou.
Para saber o que o seu cliente deseja, Loureiro ensinou: "passeie pela loja como se você fosse o cliente. Isso faz muita diferença. O consumidor tem inúmeras ferramentas hoje para decidir o que comprar e onde comprar. Cada dia que ele vai a sua loja precisa ser muito bem atendido".
Loureiro destacou ainda a importância de se olhar a concorrência. "Quantas lojas da concorrência você visitou na última semana? O erro da concorrência pode ser o nosso erro de amanhã."
Outra dica de Loureiro: contratar mais mulheres e dar mais oportunidades para elas assumirem cargos de liderança. Ele afirmou que está provado que o equilíbrio e a diversidade entre homens e mulheres nas empresas ajudam a torná-las mais bem-sucedidas.
Hoje as bandeiras de lojas do Walmart são: Big, Hiper Bom Preço, Mercadorama, Nacional, Maxxi Atacado, Todo Dia e Sam's Club.
Hora de investir
Enéas Pestana, presidente do Grupo Pão de Açúcar (GPA), deu uma mensagem clara no painel final da 47ª Convenção ABRAS: "É hora de acreditar, investir e não puxar o freio!". Enéas Pestana:"É hora de acreditar, de investir e não de puxar o freio"
"O setor representa 5,5% do PIB, mas nossa representatividade perante o governo, a sociedade é absurdamente inferior a esse número. Especialmente quando você considera que há grandes indústrias, que sozinhas têm muito mais força do que a gente. Hoje não há no mundo nenhum outro segmento que gera tantos empregos, renda e cria valor quanto nós do varejo. Quando a gente abre uma loja em uma região, nós geramos emprego, renda, arrecadação e progresso naquela cidade", afirmou.
Ele enfatizou a importância do setor para a sociedade. "A estratégia do governo para evitar a crise global, é apostar no nosso mercado consumidor, no varejo, para que ele seja o motor propulsor que venha pressionar os outros segmentos, principalmente a indústria a investir mais (do que faz hoje)."
No cenário mundial é instigante, segundo Pestana. "Quando você fala com empresários de outros países eles estão super otimistas. Eles falam que a vez do Brasil é agora, já o brasileiro está pessimista, com inflação, taxa de câmbio.
Enquanto o brasileiro ficar pensando assim não será a nossa vez, e não é porque a economia esta ruim, porque a infraestrutura é ruim, porque o sistema tributário é absolutamente complexo e ineficaz, mas é porque o brasileiro não acredita no Brasil", disse. E complementou: "O Brasil precisa acordar, a indústria precisa investir mais, tem que acreditar, senão a gente entra no círculo vicioso e não no ciclo virtuoso".
Quanto ao setor, Pestana afirmou que a ABRAS tem feito um excelente trabalho e outras entidades do varejo também. "Quem se lembra da década de 70 sabe que éramos proibidos de participar da Convenção da Abras, porque era a convenção da concorrência. Hoje está mudando, hoje estamos aqui, e um painel como este é histórico, acho que nunca aconteceu", disse.
Pestana conclamou: "Não dá mais para continuar brigando, um querendo arrancar dinheiro do outro, não dá mais pra imaginar que na mesa de negociação, a pessoa que está do outro lado é despreparada e não inteligente".
Para finalizar, o presidente do Grupo Pão de Açúcar elogiou a ABRAS e o trabalho do presidente Yamada e também do ex-presidente Sussumu Honda, hoje presidente do Conselho Consultivo da entidade. "O setor está bem representado sim, a ABRAS está de parabéns, mas a gente tem que estar mais unido mesmo quando está distante. Criar essa unicidade de um setor que tem domínio neste país. Vamos juntos, vamos fazer. Esta na hora de parar de comemorar o lucro de 2% na última linha, está na hora de a gente começar ganhar dinheiro", afirmou aos convencionais presentes na oportunidade - cerca de 500 pessoas, entre empresários e executivos do setor.
As bandeiras de lojas do GPA são: Pão de Açúcar, Extra, Assaí, Ponto Frio e Casas Bahia.
Luciana Martins - Redação Portal ABRAS