Somente neste ano, oito lojas já foram abertas e, até dezembro, mais quatro unidades serão inauguradas no Estado
Responsável pela venda dos artigos que compõem uma das cestas básicas mais em conta do Brasil, os mercantis cearenses vêm contanto com o aquecimento da economia do Ceará - que tem crescido acima da média nacional - para continuar mantendo o ritmo de vendas e a expansão do setor, segundo a Associação Cearense de Supermercados (Acesu). O cenário positivo da economia local tem contribuído para a multiplicação dos supermercados no Estado. Somente neste ano, já foram inauguradas oito lojas no Ceará, e, até dezembro, outras quatro devem ser abertas. Já para o próximo ano, a expectativa é ainda mais positiva, com a previsão de 26 novas lojas em todo o Ceará.
Dentre as marcas, o presidente da Acesu, Severino Neto, informa que as redes locais se sobressaem e abastecem 4 milhões, dos 8,7 milhões de cearenses. Os outros 4,7 milhões são disputados com os quatro players internacionais que atuam nas praças de Fortaleza e Juazeiro do Norte. Perguntado se a estratégia de ir até o Interior seria uma forma de alargar as vendas e, assim, amenizar os efeitos da concorrência, o líder classista afirmou que "as cidades de médio porte do Estado já eram um mercado possível e considerado pelo setor e o que faltava era investir".
Na análise dele, a concorrência com marcas de atuação e "expertise" internacionais não prejudicou os comerciantes cearenses e serviu para modernizar os negócios locais, pois muitos dos supermercados passaram a investir na variedade do mix de vendas, em novos equipamentos e opções de serviços.
Além da Região Metropolitana de Fortaleza, Juazeiro do Norte e Sobral, Severino Neto ainda mencionou o potencial de "Aracati, Iguatu, Quixadá e alguns outros (municípios) mais" como alvo da expansão das redes cearenses. "Os nossos comerciantes nascem muitas vezes daquela bodega feita no improviso na sala de casa e, assim, ele vai vendendo pros vizinhos e começa a entender o nosso mercado. Assim é o dono dos supermercados cearenses", ressalta.
Vantagens aumentadas
Na análise do presidente da Acesu, o setor sempre foi beneficiado por comercializar bens de uso essencial, mas, nos últimos anos, contou com "o aumento do poder de compra da população de um modo geral" como reforço no faturamento. O reflexo disso é a manutenção das vendas mesmo quando os preços sofrem influência da estiagem, do câmbio ou de algum outro elemento da economia. Para Severino Neto, "a oferta hoje é tão grande, o comerciante tem tanta opção de compras, até de marcas internacionais", que sempre há a possibilidade de equilibrar o mix e ofertar ao consumidor produtos de uma mesma linha em várias faixas de preços.
Sócio proprietário dos Mercadinhos São Luiz, ele dá como exemplo a rede de 12 supermercados que dispunha de oito mil itens nas prateleiras há dez anos e, hoje, tem de 15 mil a 20 mil.
"A globalização torna mais fácil buscar inovação e captar novos contatos e isso é usado pelo comerciante cearense", afirma o superintendente da Super Rede, Paulo Cardillo.
Dinâmica impulsiona setor
Ele, assim como Severino Neto, aponta para a dinâmica de vendas como um dos principais fatores para se manter os supermercados menos sujeitos aos efeitos da inflação que atinge o carro chefe das vendas: os alimentos. "Esse ano, nós tivemos um caso emblemático que foi o do tomate. O produto chegou a R$ 9 o quilo e, depois, chegou a R$ 1. Então, desse mesmo modo acontece com outros produtos", garante, explicando o comportamento dos clientes: que optam por produtos menos caros, mas não deixam de comprar.
Cardillo ainda afirma "que o preço aqui (no Ceará) é mais competitivo". De acordo com ele, "o pessoal sabe negociar e trabalha com margem bem pequena, seja para pouco ou grande volume de vendas".
Logística ainda é entrave
No entanto, quando o assunto são os gargalos do setor, os dois representantes do setor lamentam da logística que serve ao Ceará. Para eles, principalmente, a distribuição dos produtos é prejudicada, seja por compromissos comerciais não cumpridos por parceiros e/ou pela condição dos transportes.
"A indústria ainda peca muito em relação ao Nordeste e especialmente ao nosso Ceará. Ele (o Estado) precisa ser melhor servido, pois é o mercado que mais cresce", afirma o presidente da Acesu, sobre a necessidade de mais centros de distribuição ou até de fábricas, próximas dos pontos de vendas locais.
Os dois empresários também concordam sobre as más condições das estradas que vêm do Sul/Sudeste - onde boa parte dos artigos vendidos nos supermercados é feita - até as unidades cearenses, o que acaba prejudicando as datas e gerando encarecimento nos preços.
Setor quer agregar valor com o Natal
O forte desempenho de vendas no setor varejista durante o período natalino é unânime nos supermercados. Pensando em estratégias para impulsionar ainda mais a lucratividade na época, empresários participam hoje da segunda edição do "Grande Encontro de Supermercadistas Cearenses", às 19 horas, no Hotel Oásis Atlântico.
Com o tema "Construindo um show de vendas neste Natal", o encontro deve discutir o comportamento do setor em um período onde o 13º salário e o valor agregado a produtos sazonais como peru, pernil, espumantes e vinhos garantem uma considerável elevação nas vendas.
Pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) aponta que, neste ano, o setor espera um aumento de 19,9% nas vendas de produtos típicos para as festas de fim de ano em relação ao igual período do ano passado. O otimismo ficou acima daquele divulgado em 2012, quando era de 14,4% em todo o País.
Necessidades dos clientes
Para Domingos Cordovil, da Cordovil Consultores, o perfil das vendas no período natalino está diferente e é mais exigente.
"Com a inserção da mulher no mercado de trabalho e devido à correria do dia a dia, há uma necessidade maior de se encontrar tudo em um só lugar, ou seja, até o dia 15 de dezembro, as vendas devem permanecer sem alteração, como ocorreu em outubro, porém, entre o dia 20 e 30 do mês, quando se é normalmente decidido o preparo da ceia natalina e jantares de réveillon, o cliente vai ao supermercado buscando em um único lugar satisfazer todas as necessidades ocasionadas no período".
Para isso, é preciso que os supermercados se organizem e ofereçam uma variedade suficiente para a demanda.
"Queremos garantir que no pequeno, médio ou grande supermercado do Ceará, o cliente seja bem atendido e encontre o que procura, refletindo na força e união destes estabelecimentos", completa.
O presidente da Associação Cearense de Supermercados (Acesu), Severino Ramalho Neto, afirma que a instituição está comprometida em fornecer aos supermercadistas cearenses o apoio necessário para o crescimento e desenvolvimento das empresas, por meio de tecnologias e conhecimentos estratégicos para resultados em supermercados. O encontro espera reunir mais de 500 empresários do setor. A entrada é gratuita e as inscrições são feitas no site da Acesu ( http://www.acesu.com.br/).
Veículo: Diário do Nordeste