Luciana Martins
O 30º Congresso e Feira de Negócios em Supermercados promovido pela Associação Paulista de Supermercados acontece até amanhã (8), em São Paulo. Segundo os organizadores, esta edição deve movimentar cerca de R$ 5,5 bilhões em negócios com os mais de 500 expositores nacionais e internacionais de 50 países presentes na Feira, durante e pós-evento.
Fundamentada no tema Confiança, a APAS 2014 conta com a participação de diversos especialistas do varejo nacional e internacional para tratar de temas como capital humano, tecnologia, marketing, estratégias de gestão. Ontem (6), a entidade levou executivos da indústria, do varejo, e a ex-ministra Marina Silva, para debater perspectivas e tendências do País no painel Brasil que dá Certo.
Na oportunidade, o presidente da Unilever, Fernando Fernandes, disse que a transformação social que o País promoveu nos últimos 12 anos foi muito positiva para a indústria e destacou que a empresa - que atua no Brasil há 85 anos - acredita no potencial do mercado brasileiro, e ressaltou a importância da inovação para o crescimento sustentável dos negócios. Fernandez citou um estudo recente que mostra que no último ano foram lançados 22 mil novos produtos e só 1% atingiu mais de 1% de penetração depois de um ano, e isso é uma informação importante para o varejo. "O tempo de crescimento fácil no Brasil acabou, mas se você faz a coisa bem, cria grandes marcas, se você investe na divulgação no ponto de venda, você cresce sempre", afirmou.
Quanto as perspectivas da Unilever no Brasil disse que o País é a segunda melhor operação da empresa em nível mundial e cresce em média três vezes do que em outros países. "Quando a economia fica mais difícil os fortes ficam mais fortes e a inovação de sucesso é muito importante", conclui.
Fernandez destacou a visão otimista no Brasil. "Nos últimos 38 meses, crescemos 8% acima da inflação, consistentemente", disse.
No painel, o presidente da Nielsen, Eduardo Ragasol, relembrou que a revolução do consumo no Brasil transformou a vida das famílias de forma profunda, com ganho de bem-estar, e o acesso a novas categorias como perecíveis - fruto de acesso a bens de consumo duráveis, como geladeira.
Para Ragasol, a estabilidade macroeconômica do Brasil nos últimos 20 anos trouxe um ganho de bem-estar ao consumidor e o Brasil virou um dos mercados mais sofisticados em higiene e beleza. "Essa cultura de cuidado pessoal é muito diferenciada nos demais países do mundo, e isso fez do Brasil um dos grandes polos de inovação dentro dessa categoria de consumo", afirmou.
Ao citar grandes marcas da categoria de higiene e beleza, como Natura, Avon, Nívea, Ragasol destacou que elas se inovaram trazendo produtos diferenciados aos consumidores, e isso é um grande diferencial. "Temos um consumidor que gosta de coisa nova, que está vinculado às marcas, que testa produtos, e se a sua confiança é respondida, ele valoriza a marca, por isso o crescimento de produtos que trazem sofisticação, conveniência, e consciência da saúde são destaques na preferência do consumidor. As marcas que estão dando certo são aquelas que estão na mente e no coração do consumidor, independente se nacional ou não", explicou Ragasol.
Durante o painel, o presidente da APAS, João Galassi, destacou que o modelo de crescimento econômico do Brasil nos últimos 10 anos - baseado no consumo tem dado certo para o varejo supermercadista -diretamente influenciado por renda e emprego - mas que o modelo atualmente está exaurido e isso é um desafio para os próximos anos. "No ano que vem não teremos grandes eventos como a Copa do Mundo e se não houver grandes investimentos em infraestrutura teremos muitas dificuldades pela frente", destacou Galassi.
Para o presidente da APAS, a produtividade é fator preponderante para o setor supermercadista. "Trabalhar a produtividade nos próximos anos é o ponto fundamental que fará com que as lojas continuem se desenvolvendo e crescendo".
Alinhada ao tema central do debate, a ex-ministra e candidata à vice-presidência do Brasil, Marina Silva, ao lado do ex-governador do estado de Pernambuco, Eduardo Campos, usou seus quase 30 anos de vida pública para refletir sobre um Brasil eficiente e como a confiança pode ser um elemento para alavancar pessoas.
"O Brasil que está dando certo é fruto de ações que a sociedade brasileira foi capaz de realizar, como a reconquista da democracia, a estabilidade econômica num ambiente de inflação galopante e a transferência de renda e políticas sociais para cerca de 30 milhões de pessoas que antes não tinham acesso a bens e serviços elementares", afirmou Marina Silva.
Já o presidente do Valor Econômico, Alexandre Caldini, sinalizou que o Brasil é um país que deu certo pela forte economia e democracia consolidada. "Nos últimos anos o PIB do país cresceu, assim como o salário mínimo que teve um ganho real, além da facilidade do crédito". O painel foi mediado por Nelson Barrizzelli, professor da FEA -USP.
Luciana Martins
