Em busca de maior produtividade e rentabilidade, o setor supermercadista brasileiro aposta na redução dos custos como única alternativa para retomar o crescimento. Este ano, em função da crise, a previsão é de queda nas vendas da ordem de 0,3% em relação a 2014.
Um dos principais problemas é o alto gasto com energia elétrica, que chega a 1,5% do faturamento total das empresas: cerca de R$ 4,5 bilhões por ano. No entanto, uma solução pode estar a caminho. Os supermercadistas estão negociando com o governo federal a criação de um projeto de geração de energia própria por meio da instalação de painéis solares nos telhados das lojas.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Fernando Yamada, recentemente ele se reuniu com o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, para debater o assunto. "O ministro nos perguntou qual era a área total que tínhamos de telhado e falamos que são cerca de 40 milhões de metros quadrados. Ele fez uma conta rápida e disse que se usássemos os espaços para gerar energia solar conseguiríamos uma produção semelhante à da usina de Belo Monte", afirmou.
Além disso, o uso da energia limpa deve levar a uma economia de 30% nos gastos do setor com eletricidade, o que atualmente significaria uma redução de mais de R$ 3 bilhões no ano. Para o dirigente, a alternativa é viável e foi recebida com bons olhos pelo setor.
"O Brasil é um mercado promissor para energias alternativas sustentáveis, especialmente a solar. Mas ainda é preciso analisarmos como isso poderá ser feito e onde compensa implantar as placas, já que ainda se trata de uma energia cara", destacou.
Embora nada ainda esteja definido, Yamada acredita que a parceria com o governo federal deve sair do papel em breve. "A expectativa é que já no ano que vem tenhamos cases para apresentar ao governo. Pelo menos é o que nos foi dito pelo ministro. um caminho e estamos otimistas com o projeto", ressaltou.
Eficiência - O presidente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Alexandre Poni, lembrou que atualmente a despesa com energia elétrica é a segunda maior do setor, perdendo apenas para gastos com pessoal. "Eficiência energética significa redução de custos. Mas isso engloba uma série de ações que vão desde a escolha dos equipamentos até o tipo de sistema de refrigeração que vai ser utilizado nas lojas", afirmou.
Para ele, o uso da energia solar pelo setor é uma realidade cada vez mais próxima, mas ainda não está acessível a todos, já que o pay back (tempo de retorno do investimento) é longo, o que inviabiliza a adoção por pequenos empresários. "Atualmente valeria a pena somente para as grandes redes e hipermercados", observou.
Poci, que também é proprietário do Supermercados Verdemar, disse que os investimentos do grupo em eficiência energética vêm de longa data. O objetivo, que é tornar as operações mais rentáveis, tem sido atingido. "O mercado todo, mesmo com a crise, continua investindo sem parar. fundamental para a sobrevivência do setor usar novas tecnologias para ampliar a produtividade e tornar-se mais eficiente", disse.
Ele revelou, ainda, que tem destinado uma parcela considerável de aportes para modernização de suas lojas, especialmente as mais antigas. "Nossa primeira unidade, que fica na rua Viçosa (Centro-Sul da Capital), acaba de passar por ampla reforma para troca de maquinário e substituição de lâmpadas comuns por LED (mais econômicas). Somente nessa loja foram destinados quase R$ 1 milhão", completou.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG