Desde sua criação, o programa promove a reinserção social de presos por meio do trabalho, já tendo beneficiado mais de 600 apenados
O desafio de conquistar emprego é ainda maior para quem sai do sistema prisional. Reconhecendo essa realidade, o Grupo Pereira, começou há 10 anos a ajudar a transformar vidas por meio do Programa Reeducandos. O projeto foi expandido com a inauguração na última terça-feira, 05, da Central de Manutenção de Carrinhos no Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal, fruto de uma parceria com a Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (FUNAP).
Com a nova Central de Manutenção de Carrinhos em atividade na Papuda, 06 presos do regime semiaberto atuam nos reparos e reformas dos carrinhos das lojas das redes Fort Atacadista e Supermercados Comper, do Grupo Pereira.
Com presença no Mato Grosso do Sul e no Distrito Federal, o Reeducandos tem sido uma ponte para a inclusão e a reinserção social. Criado em 2014, mais de 600 pessoas já passaram pelo programa. Atualmente, 110 apenados fazem parte do projeto em Mato Grosso do Sul e no Distrito Federal, e o impacto vai além das contratações iniciais. Cerca de 50 pessoas, após passarem pelo Reeducandos e cumprirem suas penas com a Justiça, foram contratados pelo Grupo Pereira, sendo que alguns, dados seus desempenhos, foram promovidos e hoje ocupam cargos de liderança.
A intenção do Grupo Pereira é levar o Programa para todos os outros cinco estados onde atua. A perspectiva é de, ainda neste ano, expandir o Reeducandos para os estados do Mato Grosso e Santa Catarina.
“Quem sai do sistema prisional precisa lidar com o preconceito que tende a rejeitar e a excluir as pessoas que cometeram algum tipo de crime, o que inviabiliza qualquer tipo de ressocialização fora da prisão. Esta iniciativa não apenas oferece emprego, mas também abre caminhos para uma reintegração efetiva na sociedade, transformando vidas e promovendo uma real mudança de perspectiva para aqueles em busca de uma segunda chance”, conta Paulo Nogueira, diretor de Gente & Gestão do Grupo.
Para a Diretora-Executiva da Funap, Dra Deuselita Martins, “Esta parceria destaca o papel crucial que o trabalho desempenha na ressocialização e reintegração de indivíduos privados de liberdade, promovendo uma sociedade justa e inclusiva. Dentro de um sistema complexo de punições e recompensas, o trabalho pode ser uma das recompensas mais importantes que o preso pode receber”.
Eduardo Cesar Alves da Silva é um dos reeducandos recém-admitidos na nova Central de Carrinhos da Papuda. Réu primário, o projeto representa uma nova forma de esperança para a sua vida pessoal e profissional. “Essa é uma iniciativa que nos dá um recomeço de vida. Não é porque a gente errou uma vez, que vai errar novamente. Essa oportunidade que eles estão dando para mim é muito importante. Eu sou réu primário, estou voltando para a sociedade e pretendo nunca mais retornar para esse lugar [o presídio]”, afirmou Eduardo durante o evento de inauguração da Central.
Histórico do Projeto
Tudo começou em 2014 com a contratação de quatro apenados no Atacado Bate Forte, no Mato Grosso do Sul. Com o tempo, o Programa foi se estruturando e se expandindo para as bandeiras do Supermercado Comper e do Fort Atacadista. Uma das últimas iniciativas foi a criação da Central de Manutenção de Carrinhos, localizada no Centro Penal de Gameleira, também no Mato Grosso do Sul.
O programa vai além do trabalho, promovendo a capacitação profissional. “Para contribuir com a formação e o desenvolvimento, iniciamos em junho de 2023, a primeira Trilha de Desenvolvimento dos Reeducandos. São quatro módulos: ressocialização, marca pessoal, educação no processo de transformação e protagonismo de carreira”, explica o diretor Paulo Nogueira.
Outra novidade foi a contratação de mulheres egressas de presídios femininos. A ação começou em 2022, no Mato Grosso do Sul, e atualmente 17 presas do regime semiaberto foram integradas ao Reeducando para trabalhar na área de flores, bazar e na organização e no layout desses espaços nas lojas.
Histórias de reinserção
Recomeçar e ressignificar. Essas duas palavras se aplicam muito bem à vida de Railson Gomes de Oliveira, que ingressou no projeto em julho de 2022, no Supermercados Comper, no Distrito Federal. “Estou gostando muito desse projeto e da oportunidade que recebi. Estou aprendendo muito nesse trabalho e as pessoas, mesmo sabendo do meu histórico, me respeitam e me ajudam.”
Em 2014, no Mato Grosso do Sul, Gustavo Andrade Gusmão, de 38 anos, foi preso depois de uma batida da Polícia Militar e foi condenado a oito anos de condenação. A chance de mudar essa realidade surgiu em 2019, quando estava em regime semiaberto e se candidatou para trabalhar no Fort Atacadista, bandeira do Grupo Pereira, que realiza o programa Reeducandos, em parceria com o Conselho da Comunidade em Campo Grande. A iniciativa ajuda na ressocialização e na recolocação no mercado de trabalho de detentos em regime semiaberto do Centro Penal Agroindustrial da Gameleira. Com isso, a perspectiva de futuro de Gustavo Gusmão mudou. Desde que entrou na empresa, trabalhou com descarga de mercadorias e reposição dos produtos. Após tanta dedicação e muito trabalho, estimulado por sua gerente, voltou à escola. Ao terminar o Ensino Médio, Gustavo se matriculou na faculdade para o curso de Administração e, hoje, ocupa um cargo de gestão – ele é responsável por uma equipe de reposição. Pai de uma filha de sete anos, Gustavo projeta um futuro ainda melhor. “Quero ser encarregado operacional, subgerente da loja, ou até o futuro diretor da empresa. Esses são meus sonhos, meus planos de carreira”, conta.
Redação SuperHiper