O Carrefour Brasil deve ajudar a matriz francesa no processo de reestruturação que será comandada por Georges Plassat, o futuro presidente mundial da varejista, a partir de junho. Plassat, que esteve em São Paulo por três dias e voltou sábado para Paris, deixou evidente a interlocutores o interesse no processo de reorganização da subsidiária local - focado em um severo corte de despesas, basicamente fechamento de lojas deficitárias.
Plassat foi contratado com sinal verde dos acionistas para promover uma reformulação - mais uma - na maneira como a empresa opera no mundo. Uma fonte próxima ao Carrefour diz que a busca por informações no processo de reorganização no Brasil "não é só a confirmação da importância da operação. Isso pode ajudar Plassat a saber o que dá certo aqui e pode até ser melhorado. E o que se pode levar como informação para lá".
O grupo foi afetado pela perda de vigor dos negócios de hipermercados na Europa nos últimos anos. O Brasil respondeu por 13,4% das vendas do grupo no mundo em 2011 (versus 12,2% em 2010). As vendas brutas no país subiram 8,9% em 2011. No mundo, o grupo cresceu tímidos 0,5% sobre 2010.
No Brasil, o executivo colheu dados sobre como tem avançado as mudanças promovidas por Luiz Fazzio, presidente do Carrefour Brasil desde julho de 2010. E recebeu informações sobre a velocidade com que os retornos têm aparecido. Também visitou lojas da rede Atacadão para entender melhor como e por que o modelo funciona tão bem no Brasil - e nem tanto na Argentina e na Colômbia.
Uma das questões na mesa do alto escalão da rede hoje é como adaptar esse formato de sucesso para o resto do mundo. "Falaram dos efeitos do benefício tributário que o atacado no Brasil tem e outros países, não. E é uma das razões de o formato funcionar tanto aqui", conta um interlocutar do Carrefour Brasil.
No país, a companhia fechou unidades de supermercados e hipermercados - pelo menos 20 pontos pararam de operar em 2011 - e reforçou parcerias com indústrias na busca por uma política de preços mais agressiva com grandes marcas. De certa forma, essas medidas estão em linha com o que Plassat prega há anos no varejo - ele foi do Casino e da rede de roupas Vivarte. Ele defende uma atenção quase obsessiva com custos que possam se traduzir em melhores preços, assunto que analistas acreditam que pode se tornar foco da estratégia de Plassat.
Outra questão foi discutida na visita de Plassat ao Brasil: a reformulação de algumas lojas de hipermercados que adotaram uma série de referências da Planet, a cadeia do grupo que oferece um volume maior de serviços e produtos, num ambiente mais sofisticado.
Uma loja com referências ao modelo Planet foi inaugurada em Santo Andre (SP) no ano passado. Analistas europeus esperam que Plassat interrompa ou mude esse formato, defendido pelo atual presidente, Lars Olofsson, e que não está trazendo os resultados esperados, como já admitiu Olofsson. No Brasil, o modelo adaptado (algo que a empresa nega que tenha feito) não é tão sofisticado (e caro) quanto o europeu, mas estaria sendo bem avaliando hoje pelo comando na França.
Veículo: Valor Econômico