Em três meses, Abilio Diniz ganha um chefe no comando do Pão de Açúcar.Mas ninguém espera que ele vá aceitar mudanças tão facilmente
A data foi marcada. No dia 22 de junho, o francês Casino assume a presidência da holdingWilkes, que detém o controle do Grupo Pão de Açúcar.Em comunicado,o sócio francês de Abilio Diniz afirmou que “tal decisão demonstra mais uma vez o compromisso de longo prazo do Casino com o Brasil e a sua plena confiança no futuro brilhante do GPA e em seu extraordinário time de executivos”.
Este clima de harmonia, no entanto, está só no papel. A expectativa do mercado é que a
chegada do Casino à frente do comando da sociedade acirre ainda mais os ânimos entre Abilio Diniz e Jean-Charles Naouri.Segundo especialistas do setor ouvidos pelo BRASIL ECONÔMICO, finalmente deve ocorrer o esperado “choque de culturas” entre a rede brasileira e a cadeia francesa, puxada pela rixa pessoal entre Diniz e Naouri, por conta das tentativas do empresário brasileiro de fundir a operação do Pão de Açúcar com o Carrefour no Brasil . “É uma briga que está só começando”, afirmou um executivo do setor.
Desde que as empresa ficaram sócias em 2005, o Casino acompanhou de perto os negócios do Pão de Açúcar. “Eles sempre tiveram gente lá dentro, levantando números, mas sem opinar”, afirma. Foi silenciosamente que o Casino acompanhou, por exemplo, a tentativa de Diniz de se afastar dos negócios dando “carta branca” a Cássio Casseb, que ficou de dezembro de 2005 a dezembro de 2007 à frente da empresa.
Também acompanhou a volta de Diniz ao dia a dia dos negócios, ao chamar o consultor Cláudio Galeazzi para mudar a operação e começar a formar um sucessor para Abilio, personificado na figura de Enéas Pestana, hoje presidente do grupo Pão de Açúcar. “Essas reviravoltas, por tentativa e erro, são comuns no Brasil em empresas familiares, mas incomodaram o pragmatismo francês”, afirma a fonte.“A expectativa é que com o Casino à frente dos negócios, haverá uma retomada nos esforços de diminuir a importânciade Diniz no Pão de Açúcar”, explica o executivo. Mesmo assim, no acordo de acionistas, Abilio Diniz será o presidente vitalício do conselho de administração pelo tempo em que considerar-se apto. Outro personagem que pode ganhar um novo papel neste cenário é Michael Klein, presidente do conselho de administração da Via Varejo, controladora das redes Casas Bahia e Ponto Frio. Durante a crise Pão/Casino por conta do Carrefour, Klein se aproximou dos franceses. “Todos sabem que Klein também não está na lista de melhores amigos de Diniz. É uma boa chance para ele.”
Veículo: Brasil Econômico