A rede francesa Casino confirmou oficialmente ontem que vai exercer o direito, comprado em 2005, de assumir o controle do grupo Pão de Açúcar. O comunicado foi enviado ontem para o empresário Abilio Diniz, que atualmente divide o comando da rede varejista com os franceses.
O anúncio, apesar de previsto, foi considerado por advogados que acompanham a disputa pelo grupo como "o disparo da bomba atômica" que culminará na troca de controle do grupo brasileiro. Pelo acordo, o Casino terá a partir de 22 de junho a maioria da holding Wilkes, que é a controladora direta do GPA (Grupo Pão de Açúcar).
Após receber o comunicado, Abilio Diniz terá de convocar reunião do Conselho de Administração da Wilkes para eleger seu novo presidente. Essa convocação tem de acontecer até uma semana antes de 22 de junho.
Advogados consideraram ainda que o tom do comunicado feito ao empresário foi irônico pelos elogios aos gestores: "Tal decisão demonstra mais uma vez o compromisso de longo prazo do Casino com o Brasil e sua plena confiança no futuro brilhante do GPA em seu extraordinário time de executivos", diz o texto.
Mesmo com a troca do comando, Diniz continuará na presidência do conselho do Pão de Açúcar, com a prerrogativa de indicar o presidente da empresa a partir de uma lista feita pelo Casino.
A notificação não muda o fato de que o direito dele (Casino), previsto no acordo, só começa em 22 de junho, informou o empresário por meio de sua assessoria. O Pão de Açúcar não se pronunciou.
No dia 11 de março, o jornal "Folha de S.Paulo" revelou que o Casino tinha planos de reestruturar sua operação na América Latina, agrupando subsidiárias no Brasil, no Uruguai, na Argentina e na Colômbia.
O primeiro passo seria a conversão das ações preferenciais (sem direito a voto) do GPA em ordinárias (com poder de voto). Com isso, ascenderia ao Novo Mercado da Bolsa, segmento de alta transparência. O Casino negou que tenha no momento plano de conversão de ações. (FP)
Veículo: Diário do Comércio - MG