Viavarejo pode ser opção para Diniz ficar na liderança do ramo

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Há cerca de três meses do dia em que o mercado será informado de como ficará o controle da maior rede varejista do País, teorias surgem no setor, sobre como será a atuação do empresário Abilio Diniz no Grupo Pão de Açúcar (GPA). Uma das previsões diz respeito ao comando da nova marca do grupo, a Viavarejo, que controla os negócios das redes Casas Bahia e Ponto frio, hoje administradas pelo herdeiro da Casas Bahia, Michael Klein. Mas, nada ainda é certo dentro do conglomerado, que tem à frente o francês Jean- Charles Naouri, dono do Casino.

Profissionais ligados ao grupo e ouvidos pelo DCI., apontam que haverá atenção maior à marca Viavarejo. "Percebo preocupação do Casino em assumir as operações do GPA sem Abilio. Pode significar perder espaço no mercado, caso ele crie uma nova rede para competir com o Pão de Açúcar", diz uma fonte ligada ao Pão de Açúcar. "Recentemente foi vista a movimentação da rede em criar a Viavarejo (divisão da holdingGlobex, que assumiu a administração das operações da Casas Bahia, Pontofrio e NovaPontofrio.com), o que ressalta a necessidade dessas operações terem negócios definidos".

Segundo o especialista, que pediu para não ser identificado, era para a Casas Bahia atender as classes C e D, e o Pontofrio ficar com as classes A e B, mas isso não foi conseguido pela Companhia Brasileira de Distribuição (CBD), quando houve a incorporação das operações em 2009. "A Casas Bahia era focada em lojas de rua e o Pontofrio em shoppings, só que isso está misturado e as duas empresas concorrem diretamente pelo mesmo consumidor. O mais correto seria definir esse negócio, assim como a FastShop conseguiu fazer", comentou.

Ainda sobre o assunto, Maurício Galhardo, sócio da Consultoria Praxis Education acredita que existam dois caminhos para Abilio manter-se na diretoria do GPA, e ir mais além do que ter um cargo vitalício no corpo diretivo do grupo - mesmo após a briga dos sócios que foi parar nos tribunais brasileiros, quando o criador do Pão de Açúcar tentou costurar a compra das operações brasileiras da também rede supermercadista francesa Carrefour, ano passado. Para Galhardo, a primeira alternativa seria o empresário brasileiro negociar a compra de novas cotas acionárias, medida que o manteria na empresa de forma legítima. A segunda opção seria travar nova disputa judicial e tentar prorrogar por alguns meses a entrega de uma ação com valor simbólico de R$ 1 ao empresário francês, dia 22 de junho deste ano - acordo previsto em contrato assinado pelos sócios, em 2005.

"Não acredito que Abilio parta para uma nova briga na Justiça. Também não acredito que ele pegue sua atual fortuna e se aposente. Por ser um especialista de respeito e entender muito do mercado brasileiro, ele pode abrir uma nova rede", opina o especialista em Finanças. Ao ser questionado sobre a existência de grupos estrangeiros interessados em investir no Brasil, Galhardo diz que não há nada concreto, e não será novidade se Abilio Diniz unir-se a um novo investidor. A opinião é compartilhada por outro especialista em supermercados, que acredita mais em uma nova rede, do que Abilio simplesmente se aposentar. "Acho que após Abilio entregar o poder ao Casino, outros grupos estrangeiros vão procurá-lo para fazer negócios."

Para o especialista em Finanças, Abilio fora do GPA seria algo difícil de se imaginar. "É estranho pensar em Abilio fora do Grupo. Se esse for o caminho escolhido pelo seu sócio, Abilio não ficará fora do mercado varejista. Ele pode não comprar uma rede, mas criar uma nova", disse ele.

Outra fonte entrevistada pela reportagem do DCI acredita que o empresário brasileiro, caso esteja fora do Grupo Pão de Açúcar, não dará continuidade a empreitada de tentar comprar o Carrefour. "Eu não acredito que o Abilio tente comprar o Carrefour após todo esse imbróglio visto entre ele e seu sócio". O executivo acredita que o Casino manterá o empresário brasileiro em um cargo com poder de voto para ajudar a crescer mais a rede no País. "Não vejo Abilio fora do Pão de Açúcar. O Casino só tem a perder se abrir mão da experiência dele". Durante a divulgação dos resultados do Pão de Açúcar em fevereiro deste ano, Abilio deixou a entender que ficará no Grupo, mesmo não sendo mais o dono do império, ao dizer que irá se empenhar para que o Pão de Açúcar continue apresentando crescimento no mercado. Seu sócio Jean- Charles Naouri afirmou veemente que assumirá o comando da Companhia Brasileira de Distribuição (CBD) em junho deste ano, e que Abilio seria bem-vindo caso quisesse continuar a ser parte integrante do grupo, cujo valor de mercado é atualmente estimado em R$ 20,4 bilhões. Ninguém sabe ao certo o que acontecerá, mas para o mercado, Abilio fora do Pão de Açúcar será sinal de problema ao francês Casino.

O presidente do Conselho de Administração da Viavarejo, holding que abriga as marcas Casas Bahia e Pontofrio, Michael Klein, falou sobre estratégia de negócios e empreendedorismos a um grupo de cerca de 20 alunos estrangeiros, ontem, na sede da empresa, em São Caetano do Sul (SP). O encontro reuniu, dessa vez, alunos de MBA da "University of Connecticut", nos Estados Unidos, que ocupam posições de liderança em companhias renomadas, como Diageo, Nokia, Bic Corporation, UBS, entre outras.

O varejo brasileiro foi um dos focos da equipe nesta visita ao país e, para entender a fundo como interage esse mercado dinâmico e promissor, Michael Klein apresentou o modelo de negócio empresarial, os principais projetos institucionais, perfil de atuação e cultura corporativa. Por mais um ano consecutivo a empresa foi escolhida entre universidades estrangeiras, a exemplo da Warthon School e Stanford University, para estudos acadêmicos.



Veículo: DCI


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