Marcelo Sommer cria roupas com inspiração roqueira, mas ainda faz pouco do que sabe para alargar repertório do cliente da rede
Alvíssaras: depois das lojas de departamento populares, é a vez de os hipermercados chamarem estilistas bacanas para criar roupas. O Extra, que já vinha tentando melhorar sua performance nesse setor há algum tempo, agora deu, de fato, um bom passo: há duas semanas, lançou sua primeira coleção desenhada por Marcelo Sommer.
No mundo perfumado das compras paulistanas, é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que uma novidade vir atrelada à perspectiva de preço bom. Nessa cena, o mero fato de alguém investir para criar um produto desejável e acessível é de se comemorar.
Sem medo de ser feliz -e sem a menor afetação "fashion"-, o Extra criou displays na entrada das lojas anunciando a coleção e pôs fotos do estilista sobre as araras, com um texto onde se lê: "Marcelo Sommer é um dos maiores estilistas do Brasil (...). Ele veste artistas consagrados. Agora vai vestir você". Está certo, uai.
Bem teen, de inspiração roqueira, a coleção inclui camisas xadrez "rockabilly", estampas legais de caveira e bandeira inglesa, "leggings" metalizadas, jaquetas de moletom e ótimos jeans. Os preços são adequadamente amigos: de R$ 25 (camisetas) a R$ 80 (jeans). Para a média do que se achava de roupa no Extra até aqui -e falo de carteirinha, já que sofro de compulsão por fuçar a oferta vestível dos hipermercados-, a coleção é um ganho. No estilo, na coordenação de peças e referências, no corte.
Por outro lado, e apesar da etiqueta abusada, com caveira mexicana, cartas de baralho e diamantes, ainda é um tanto tímida nas ideias, como se não pudesse destoar muito do entorno. À exceção da combinação de rosa e azul na camisa dos meninos, o estilista ainda faz pouco do que sabe para alargar o repertório do cliente do Extra.
CONCLUSÃO: que seja o começo de uma linda amizade
Veículo: Folha de S.Paulo