Aos 54 anos, Simon Bolivar Bueno, presidente do grupo CBA, não guarda boas lembranças da Venezuela. O presidente Hugo Chávez, que costuma citar o líder revolucionário em quase todos os discursos, estatizou o varejo local há dois anos e o CBA perdeu um cliente importante: a rede francesa Casino saiu do país. Mas Bueno está disposto a desbravar novos negócios.
Ele acaba de criar uma divisão que vai reunir as marcas de produtos alimentícios do grupo CBA, um conglomerado que deve faturar R$ 2,2 bilhões este ano e reúne desde produção de laticínios, sopas e achocolatados até a rede de varejo de vizinhança Econ, passando pelo fornecimento de cestas básicas e serviço de refeição coletiva.
"A divisão de indústria, batizada de Big Brand Brasil, é uma forma de diversificarmos nossos negócios criando sinergia", diz Simon Bolivar, que administra o grupo ao lado do irmão e sócio Martin Bueno, diretor industrial da CBA, 35 anos. Sob a Big Brand Brasil, estão as marcas Da Barra (adquirida há um ano da Cosan, reunindo um portfólio de achocolatados, misturas para bolos, gelatinas e refrescos em pó), a Palate (laticínios) e a Paladar (sopas e temperos). Também inclui a produção de marca própria para grandes redes como Pão de Açúcar, Carrefour, Dia% e itens para terceiros como a Sara Lee (marca Pilão) e a Selmi (Renata).
A venda de produtos de consumo somou R$ 200 milhões no ano passado e a expectativa é atingir R$ 235 milhões em 2012. Em julho, será inaugurada uma linha de produção de queijos e compostos lácteos em Imperatriz (MA). A empresa também vai colocar no mercado nos próximos meses azeitona e molho de pimenta. "Mas esses itens serão terceirizados, fabricados pela Zaeli ", diz Martin Bueno.
A meta da CBA é saltar 50% no faturamento nos próximos cinco anos, atingindo R$ 3,3 bilhões de receita bruta em 2017. "Desse total, 25% deve vir da Big Brand Brasil", diz Simon Bolivar, que planeja a abertura de capital da empresa antes de atingir essa marca. "Há sete meses, contratamos a consultoria Gestão Inteligente, do Paraná, para nos auxiliar nesse sentido".
Nos últimos cinco anos, o grupo investiu R$ 60 milhões em aquisições de empresas de diferentes setores - desde laticínios no Maranhão, até uma de refeições coletivas "off shore", que abastece plataformas de petróleo no Rio. A CBA sempre teve a montagem de cestas básicas e de Natal como foco. Mas nos últimos anos quis diversificar. "Importa depender menos de um só negócio", diz Simon Bolivar. Hoje, mais importante que as cestas, que faturam R$ 700 milhões por ano, são as refeições coletivas, que respondem por uma receita bruta de R$ 800 milhões.
Cerca de R$ 20 milhões estão sendo investidos este ano em produção e em tecnologia, para consolidar as operações adquiridas recentemente. "É o dobro do que aplicamos no ano passado", diz Simon Bolivar, afirmando que tudo foi feito com capital próprio. O empresário tem como sócios o primo Emilio Bueno e Edson Benetti, além do irmão, Martin Bueno.
Martin recebeu o nome em deferência ao ativista americano, Martin Luther King Jr. "Meu pai, Carlos Bueno, usou os filhos para homenagear algumas figuras ilustres da história", comenta. "Foi assim com a minha irmã Maria Isabel, em referência à princesa Isabel, e com meu irmão Lincoln, por causa de Abraham Lincoln, presidente dos Estados Unidos".
Veículo: Valor Econômico