Casino assume controle do GPA e negocia com Abilio Diniz

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Sete anos após o início das negociações para a transferência do controle do Grupo Pão de Açúcar para os franceses do Casino, o grupo estrangeiro deu ontem o passo final nesse processo. As companhias informaram a venda, do acionista Abilio Diniz para o grupo Casino, de um grupo de um milhão de ações (ou 2,4% do capital social com direito a voto) da Wilkes Participações, controladora do GPA. A transmissão já estava acertada no contrato entre as partes, e deveria acontecer 60 dias a partir do dia 22 de junho - quando os acionistas iniciaram as tratativas para a conclusão da transferência do controle.

Com a operação finalizada, o Casino agora detém 52,5% do capital votante e 70,4% do capital total da Wilkes. Abilio tem o restante. O valor da operação foi de US$ 10,5 milhões, pagos ao empresário. Isso já era esperado pelo mercado, visto que Abilio Diniz já havia notificado o Casino, no dia 6 de agosto, que exerceria a primeira opção de venda de ações da holding do grupo. Há uma segunda opção de venda do restante dos papéis em poder do empresário, que poderá ser exercida num prazo de oito anos, a partir de junho de 2014.

Após essas mudanças envolvendo o GPA nos últimos dois meses, Abilio Diniz permanece como presidente do conselho de administração da varejista. Também se mantém como maior acionista individual da rede, mas perdeu maioria no conselho do grupo, no conselho de Wilkes, assim como o controle da holding.

A Wilkes Participações tem um conjunto de ações divididas entre Abilio e o Casino e a rede varejista, outro grupo de ações, sendo parte (36,6% do capital da empresa) em circulação no mercado (free-float). Em relação ao papéis da varejista, Abilio tem em mãos 20,5% das ONs e 21,8% das PNs, conforme informado pela empresa em 30 de julho.

São essas ações que fazem parte hoje de uma outra negociação envolvendo os sócios. Abilio negocia a sua saída da empresa por meio da venda de seus papéis (ON e PN) e de imóveis alugados ao grupo. Pelas preferenciais, as ações do empresário valiam, no fechamento da bolsa ontem, quase R$ 3,1 bilhões. Ao se somar as preferenciais com as ordinárias (a valor de mercado), numa soma total, Abilio tem em mãos hoje cerca de R$ 4,8 bilhões.

Em relação aos imóveis, não há valor estimado para eles nas demonstrações de resultado da empresa. O fundo Península, controlado por Abilio, tem 59 contratos de locação de imóveis com a companhia, assinados em 2005, e com prazo de 25 anos, e que podem ser renováveis por mais 10 anos. De janeiro a junho, Abilio recebeu R$ 76 milhões pela locação das 59 lojas. Em mesmo período de 2011, foram R$ 72,8 milhões, segundo demonstração de resultados.

O Valor apurou que os imóveis pertencentes a Abilio Diniz e em uso pelo Grupo Pão de Açúcar (a descrição deles está em balanço do grupo) valeriam hoje cerca de R$ 2,4 bilhões. O cálculo é feito com base num "cap rate" anual em torno de 6,5%, uma média trabalhada pelo mercado. "Cap rate" é número que representa uma taxa da renda anual conseguida por meio de um imóvel sobre o valor desse imóvel.

Uma das possibilidade em relação à saída de Abilio é pagar em dinheiro ao empresário uma soma que, segundo fontes ligadas à negociação, giraria em torno de R$ 7 bilhões. Nesse caso, se houver desembolso, seria preciso acertar a questão da cláusula de não concorrência com o empresário. Sem o impedimento, Abilio pode continuar no mercado varejista num momento em que um dos principais concorrentes do Casino, o Carrefour precisa se capitalizar e busca (com pressa) soluções para isso. Sobre essas questões, Abilio Diniz informa em nota que não faz comentários, em respeito ao acordo entre as partes.



Veículo: Valor Econômico


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