Venda de ativos e listagem na bolsa devem ajudar varejista a arrecadar € 3 bilhões para plano de revitalização
O Carrefour, segundamaior rede de varejo do mundo, pode ter que levantar ¤ 3 bilhões para financiar um plano de revitalização de seus hipermercados europeus, mas as finanças apertadas e a difícil situação econômica da região deixam o novo presidente do grupo diante de escolhas difíceis.
Depois de ter saído da Grécia em junho, o Carrefour poderia deixar mais países considerados não-estratégicos, como Turquia, Indonésia e Polônia para liberar caixa.
Mas em tempos difíceis, as vendas dos ativos podem demorar muito, o que pode fazer com que o presidente-executivo, Georges Plassat, considere soluções alternativas para financiar uma recuperação, como listar parcialmente em bolsa seus negócios em mercados emergentes, no caso, na América Latina, que tem em São Paulo a bolsa de maior valor. “Reestruturar o grupo será um processo extremamente desafiador e caro”, disse o analista da Natixis Pierre-Edouard Boudot à Reuters. Representantes da rede francesa não comentaram o assunto.
Nos últimos anos, o Carrefour abandonou vários países, incluindo Japão, México, Rússia e Tailândia. Mas Plassat deixou claro que o Carrefour continuará no Brasil e China. Analistas ouvidos pela Reuters, no entanto, mas analistas esperam saídas da Indonésia, Turquia, Polônia, Romênia, Malásia, Taiwan e Cingapura, que podem gerar entre ¤ 1 bilhão e ¤ 3 bilhões em recursos. “O Carrefour pode vender ativos não estratégicos e baixa performance por mais de ¤ 1,3 bilhão, enquanto a listagem em bolsa de participação de 25% do Carrefour Brasil pode permitir ao grupo levantar ¤ 1,2 bilhão de euros”, disseram analistas do Barclays em relatório.
Um aumento de capital é considerado como improvável, dado o baixo preço da ação do Carrefour, mas se as opções de venda de ativos e de oferta pública inicial de ações demorarem muito, pode representar uma alternativa para levantar recursos rapidamente, disseram analistas.
O desafio de Plassat
Plassat assumiu em maio a tarefa de reverter os anos de performance ruim nos mercados europeus do Carrefour. A expectativa é que ele detalhe seu plano de recuperação em 30 de agosto, junto com os resultados do primeiro semestre.
O veterano do varejo disse que precisa de três anos para recuperar o Carrefour, cujos desafios incluem interromper queda na participação de mercado na França, que responde por 43% das vendas, reduzir dívidas e enfrentar um clima econômico difícil na Itália e na Espanha, que representam pouco menos de 20% das receitas.
A chegada de Plassat levantou esperanças de que o formato de hipermercados do Carrefour, que tem sido afetado pelas lojas especializadas e vendas online, irá sobreviver. Desde 12 de julho, quando o Carrefour desafiou receios dos investidores sobre um eventual novo alerta de resultado, dizendo que estava confortável com o consenso do mercado para o lucro operacional em 2012, a ação do grupo subiu 26%, acima dos ganhos de 9,5% do setor na Europa.
O Carrefour queimou muito caixa no ano passado, com aumento do investimento em 27% e lucro despencando 19%. O fluxo de caixa livre afundou para ¤ 77 milhões ante ¤ 839 milhões em 2010, o que deixou a empresa com dívida de cerca de ¤ 7 bilhões no final do ano.
Veículo: Brasil Econômico