Para crescer ao longo de 2013, a rede Walmart Brasil investirá na sinergia de suas operações - ao integrar o sistema de compras e a negociação com seus fornecedores em todas as suas lojas - em vez de expandir sua marca apenas com a abertura de novas lojas.
O fato ocorreu com o Grupo Pão de Açúcar (GPA) anteriormente. A companhia comemorou bons resultados depois de finalizar a sinergia das bandeiras da Viavarejo (Casas Bahia e Ponto Frio). A estratégia enfatiza a necessidade dos players de centralizar os negócios para ter maior poder de barganha e, assim, rentabilidade.
Segundo o presidente da operação brasileira do Walmart, Marcos Samaha, o grupo deve fechar 2012 com cerca de 550 lojas no País, mas 2013 será um período de menor abertura de lojas. Isso depois de dois anos seguidos ampliando os pontos de venda. Samaha afirmou que o foco da bandeira no próximo ano será a implementação de um sistema único nos pontos de venda, substituindo os que estão em operação desde a aquisição do Sonae do Brasil e da rede Bom Preço.
A iniciativa deve otimizar o trabalho do comprador e dos fornecedores do grupo. Ontem, a primeira loja, em Curitiba, começou a operar com a migração de um total de 400 que vão passar por alteração de sistema.
Aquisição
Samaha disse também que a estratégia de crescimento mais lento nos pontos de venda não afeta, necessariamente, a possibilidade de aquisição. "A expansão do Walmart é baseada na abertura de novas lojas e em aquisições. Só não vamos ter o estômago maior do que o cérebro", disse, em uma metáfora a uma nova compra por apetite de ter participação de mercado maior, sem condições de incorporar a aquisição ao grupo.
Para Roberto Nascimento Azevedo de Oliveira, professor do Núcleo de Estudos e Negócios do Varejo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-SP), a não- -abertura de lojas no Brasil deve-se a fatores culturais e financeiros da empresa, além do fato de ela não ser mais tão competitiva como antigamente. "Ela perdeu o poder de barganha que tinha com seu fornecedor quando chegou ao Brasil", disse ao DCI.
O especialista afirmou também que a questão "Preço baixo todo dia" é um dos fatores impulsionadores dessa perda. "Você não consegue ter preços baixos sempre e manter seus custos pequenos também", explicou.
Já o presidente da operação brasileira da rede norte-americana comemorou o bom desempenho da campanha de fidelização do consumidor. De acordo com ele, a ação foi responsável pelo crescimento de 6,5% do tíquete médio das compras no segundo trimestre deste ano, ante igual período de 2011. Apesar disso, ele não revelou o valor médio gasto nas lojas. "É a prova numérica de que o cliente gosta", avaliou. Sem citar números, Samaha disse que a implementação do sistema melhorou o uso dos centros de distribuição e a relação com os fornecedores e que a fatia de mercado (market share) avançou, se consideradas as lojas comparáveis.
Com a especulação de uma nova aquisição, surgida na fala do presidente do Walmart Brasil, Oliveira, questionado sobre uma possível estratégia da rede de segurar os investimentos em novas lojas para no ano que vem o setor ter uma nova rede agregada ao grupo, disse que isso não acontecerá no Walmart ou entre os supermercadistas tão cedo. "Eles estão perdendo espaço para os pequenos e médios no setor, em especial para as operações regionais", afirmou, e completou: "O setor tem-se mostrado estável, mas as redes de capital estrangeiro ainda terão turbulência no próximo ano, enquanto as de capital nacional só tendem a ganhar".
Outro fato que chamou a atenção foi em relação a crédito ao consumidor. Samaha disse ser favorável à queda dos juros, e criticou a necessidade de arcar com os custos de financiamentos sem juros no cartão - prática comum em redes que trabalham com áreas de não-alimentos, como os setores de informática e de eletroeletrônicos. O executivo afirmou que o custo desse financiamento já é pago pelo grupo, e uma nova taxa, por parte dos bancos, deve acabar com a modalidade.
Contramão
A premissa não se confirma para as redes que têm apostado em operações de proximidade, os conhecidos mercados de vizinhança. A rede Dia, para enfrentar a concorrência da bandeira Extra Minimercado, que neste mês anunciou a inauguração de 13 unidades do formato mencionado - operação esta denominada de proximidade -, amplia sua atuação na capital paulista. A empresa espanhola inaugurou ontem duas novas unidades: uma no Sapopemba e uma no Jardim Santa Rita.
No Brasil, a bandeira opera desde 2001 e possui mais de 500 lojas abertas ao consumidor, que atendem 10 milhões de clientes ao mês. Para fidelizá-los, a marca conta com 3.000 produtos e garante preços médios 11% mais baixos do que os dos players concorrentes. Ambas as lojas seguirão o conceito da rede, com design moderno e estrutura enxuta para permitir que o cliente encontre os produtos que deseja o mais rápido possível. Essas unidades, como as demais, contam com sortimento adaptado aos interesses dos clientes da região.
Veículo: DCI