De armazém à maior do setor elétrico

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No ano em que completa seu 65º aniversário, Loja Elétrica se mantém no topo e continua sua expansão.


Os mais antigos com certeza se lembram do Armazém Dias. Aberto em 1947, na avenida Santos Dumont, na região central de Belo Horizonte, o estabelecimento comercializava alimentos como arroz, feijão, manteiga, óleo, banha e enlatados, mas ganhou evidência no cenário mineiro quando abriu um novo setor: de materiais elétricos. Em tempos de eletrificação das cidades do interior, o estabelecimento logo ganhou notoriedade com a venda desses produtos. O sucesso foi tanto que os proprietários decidiram, depois de algum tempo, fechar o armazém e manter apenas o setor de materiais elétricos, que já funcionava com o nome fantasia de Loja Elétrica. Hoje, a empresa, que adotou de vez esse nome, é a maior do setor no país.

O atual diretor-geral da empresa, João Flávio de Matos, que é filho de João Gabriel Mattos, um dos fundadores da empresa, relata que, junto com o Armazém Dias, funcionava um bar - e foi justamente este espaço que recebeu a sessão de materiais elétricos da loja. "O bar estava instalado numa área de comércio muito intenso durante o dia e de boemia na parte da noite. Sendo assim, tinha hora para abrir e nunca para fechar, funcionando quase 24 horas por dia. Cansado desse trabalho intenso a qualquer momento do dia, meu pai decidiu substituir o bar por outro negócio. Ele comprou, então, um fundo de negócios de uma loja de material elétrico que havia fechado, chamada Ponto da Lâmpada. Foi assim que a Loja Elétrica começou", diz.

O fundo de negócios consiste em prateleiras, mesas, cadeiras e itens de baixo giro que sobram no estoque quando a loja encerra as atividades. Com isso, teve início o setor de materiais elétricos do Armazém Dias. "Acredito que a intuição do meu pai funcionou. Naquela época, meados dos anos 1950, boa parte de Minas Gerais vivia às escuras, as cidades do interior não tinham eletricidade. Juscelino Kubitschek tinha fundado a Cemig dois anos antes (em 1952), com o objetivo de eletrificar o Estado, dando início a construções de usinas hidrelétricas. A partir daí, começou a surgir demanda por material elétrico nessas cidades. Como a loja estava instalada entre a estação do trem e a rodoviária, muitas pessoas vinham a Belo Horizonte e paravam na loja para comprar o que precisavam", relembra Matos.

Novos rumos - Com o passar do tempo, a procura por materiais elétricos foi crescendo e ganhando maior representatividade dentro do Armazém Dias. Depois de três anos mantendo o portfólio com alimentos e materiais elétricos, os proprietários chegaram à conclusão de que não justificava mais continuar com o serviço de mercearia. "No armazém, as vendas aconteciam muito na ‘caderneta’, quando as pessoas deixavam anotadas as compras para pagar no final do mês. Com isso, havia muito atraso nos pagamentos, comprometendo o capital de giro para estocar mais mercadorias. Não era um ramo bom. Como o movimento do setor de material elétrico crescia cada vez mais, a mercearia foi fechada e somente a parte de material elétrico permaneceu, com o nome de Loja Elétrica", afirma.

Inicialmente, a loja comercializava somente material elétrico de uso predial. Já na década de 70, a empresa expandiu para itens de uso industrial e em linhas e redes de distribuição. "Ao longo desses 65 anos de história, nos tornamos a maior empresa do ramo no Brasil", comemora Matos. A Loja Elétrica conta hoje com sete lojas e mais cinco postos situados dentro de grandes empresas. As unidades estão instaladas dentro de Minas Gerais: além de Belo Horizonte, também em Contagem, na Região Metropolitana da Capital, Ipatinga, no Vale do Aço, e Uberlândia, no Triângulo Mineiro. Contudo, a empresa ainda atende ao mercado externo com as vendas pelo atacado para outras lojas de materiais elétricos. O portfólio da Loja Elétrica conta hoje com quase 30 mil itens. "E temos estoque desses produtos", destaca o diretor-geral.


Veículo: Diário do Comércio - MG


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